Volkswagen ID.5 GTX. Convence como um «GTI elétrico»?

O «espírito» GTI de outros Volkswagen chega aos elétricos como GTX

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O Volkswagen ID.5 GTX é o segundo elétrico da Volkswagen com «genes» mais desportivos (o ID.4 foi o primeiro) e, verdade seja dita, provavelmente aquele a quem assenta melhor a nova sigla GTX.

Afinal, se no passado cabia aos coupé fazer o «papel» de desportivos da gama, numa era liderada pelos SUV temos de aceitar que sejam os chamados «SUV-Coupé» a herdar essa função.

Agora, depois de o Diogo Teixeira o ter conduzido na Áustria (acima), testámos o Volkswagen ID.5 GTX em Portugal para colocar à prova os argumentos desta proposta para as famílias eletrificadas e apressadas.

Qualidade em alta

Os interiores da Volkswagen são conhecidos pela sua robustez e o mesmo acontece no ID.5, mas neste GTX tenho de realçar a escolha dos materiais, que são mais agradáveis ao toque e à vista do que noutros ID.5.

O topo do tabliê vem revestido com uma pele sintética, há materiais mais macios ao toque e até o recurso a pespontos como elemento decorativo contribuem para elevar a qualidade percebida a bordo do ID.5 GTX. Aliás, de todos os elétricos da família ID. que já conduzi, é aquele que tem o interior mais agradável.

A juntar a isto, temos bancos de contornos mais desportivos — são um pouco mais firmes e têm mais apoio lateral —, com encostos de cabeça integrados, e o seu tom mais escuro contribui para o caráter mais desportivo desta proposta.

Já no campo da ergonomia o ID.5 GTX «herda» as soluções dos Volkswagen mais recentes e isso continua a merecer alguns reparos.

Por exemplo, o sistema de infoentretenimento continua a ter uma utilização pouco intuitiva: são demasiados submenus e o tempo de resposta podia ser melhor. Além disso, o desaparecimento de quase todos os comandos físicos (inclusive para a climatização) exige alguma habituação.

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Silhueta coupé, mas espaço não falta

Apesar dos contornos mais esguios face ao ID.4, o ID.5 GTX faz «jogo igual» no campo da habitabilidade. Isto porque têm tantas das suas dimensões em comum: largura e distância entre eixos são exatamente as mesmas, e só a altura e o comprimento variam, mas não mais que escassos 15-16 mm — o ID.5 é mais baixo e comprido que o ID.4.

Por isso encontramos no ID.5 a mesma «liberdade de movimentos» na segunda fila de bancos que no ID.4, e que é inexistente em propostas de dimensões similares com motor de combustão, principalmente quando se trata do espaço disponível para as pernas.

Já os 549 l de capacidade da bagageira permitem «enfrentar» as viagens de férias em família sem ter de escolher entre levar mais uma mala ou os brinquedos dos miúdos.

Veloz e eficaz

Com dois motores elétricos (um por eixo) que entregam um total combinado de 220 kW (299 cv) e 460 Nm, o ID.5 GTX não deixa «créditos por mãos alheias» no campo das performances.

Mais do que os números — 0 aos 100 km/h em 6,3s e 180 km/h de velocidade máxima — é a forma decidida como o ID.5 GTX responde a cada solicitação do acelerador que mais impressiona.

Precisamos de fazer uma ultrapassagem? «Esmagamos» o pedal da direita e está feita, sem hesitação, sem ter de «meter uma abaixo» ou esperar para que atinja um certo patamar de rotações. Nos semáforos somos «reis» e em autoestrada impomos o ritmo sem dificuldades.

Contudo, foi nas curvas que o ID.5 GTX mais me impressionou e, acima de tudo, melhor justifica o estatuto de «versão desportiva».

Nunca chega a ser divertido, mas o ID.5 GTX demarca-se pela eficácia com que «despacha» traçados sinuosos. Com uma direção precisa e direta, suspensão adaptativa e tração integral, o Volkswagen ID.5 GTX parece curvar sobre carris.

Não tem o fator de diversão ou envolvência que encontramos noutras siglas da Volkswagen, como GTI ou R, mas tem excelentes prestações e a sua eficácia permite-lhe enfrentar curvas sem complexos. O que não deixa de surpreender, pois sempre são mais de duas toneladas em movimento.

A autonomia não é problema

A experiência cada vez maior da Volkswagen na concepção e produção de modelos elétricos faz-se sentir cada vez mais e o ID.5 GTX não é exceção.

A autonomia oficial de 512 km não anda muito longe da real. É óbvio que se nos deixarmos entusiasmar pela capacidade de aceleração esta distância fica mais difícil de alcançar, mas numa utilização normal, esperem médias de 18 kWh/100 km e a ritmos mais moderados cheguei a registar 15 kWh/100 km.

Tendo isto em conta, não nos preocupamos muitos com os carregamentos ao volante do ID.5 GTX.

Concorrentes colocam ID.5 GTX numa posição difícil

O Volkswagen ID.5 GTX está disponível a partir de 61 110 euros. Um valor elevado, sobretudo quando o comparamos com o dos seus concorrentes, que respondem com mais «poder de fogo», com um preço mais em conta, ou ainda com estes dois argumentos em simultâneo.

Por exemplo, o Volvo C40 Recharge, também ele um «SUV-Coupé», oferece 300 kW (408 cv), performances superiores e, apesar de ser mais caro, não está assim tão longe do ID.5 GTX, com preços a começar nos 64 755 euros.

Contudo, o maior «problema» deste ID.5 GTX chama-se Tesla Model Y. Após o corte de preços levado a cabo pela Tesla, colocou não só o ID.5 GTX como outros elétricos similares numa posição difícil.

Afinal, mesmo o Model Y Performance, a versão mais potente (340 kW ou 462 cv) e rápida (3,7s nos 0-100 km/h e 250 km/h de vel. máx.), está a pouco mais de 2000 euros de distância do ID.5 GTX, com preços a começar nos 63 990 euros.

E se descermos um patamar, o Model Y Long Range custa menos sete mil euros (53 990 euros), também oferece tração integral, mas continua a ser mais potente (270 kW ou 367 cv), mais rápido (5,0s nos 0-100 km/h e 217 km/h de vel. máx.) e consegue ir um pouco mais longe (533 km de autonomia) que o ID.5 GTX.