Conduzimos o Volvo EX30. Um elétrico à medida dos portugueses

Tem uma imagem sofisticada, um interior minimalista e uma condução agradável. É muito fácil gostar do Volvo EX30.

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Durante muito tempo o segmento B-SUV foi um feudo praticamente exclusivo das marcas generalistas, mas hoje já não é assim. O motivo é óbvio: este é o segmento que mais cresce na Europa.

Por isso mesmo, marcas como a Volvo (com o EX30) ou a Lexus (com o LBX) começaram a olhar para este mercado com outros olhos. Em bom tempo o fizeram…

Bastaram poucos meses para que o EX30 se afirmasse como o modelo mais importante num futuro de uma marca que em 2030 será 100% elétrica. A Volvo acertou em cheio e as encomendas estão a superar a expetativas mais otimistas.

Nós tivemos oportunidade de conduzir o EX30, ainda em 2023, nos arredores de Barcelona, durante a sua apresentação internacional, na sua variante mais potente Twin Motor (dois motores), de 315 kW (428 cv):

Agora, já chegado ao mercado nacional, voltámos a marcar encontro com o EX30, desta vez durante uma semana na variante Single Motor (um motor) de 200 kW (272 cv) e tração traseira.

Não se deixem enganar pelo tamanho

O exterior do Volvo EX30 engana. As proporções da carroçaria são fortes. É difícil acreditar que mede somente 4,23 m de comprimento. A título de comparação, é 3,7 cm mais curto que o Smart #1 e 7,1 cm mais curto que o Peugeot e-2008.

No final, o Volvo EX30 é muito agradável à vista. Apesar de esta ser uma vertente algo subjectiva, acho que estamos todos de acordo. O desenho exterior é minimalista e sofisticado, tal como se espera que um Volvo seja.

Da Escandinávia, com orgulho

No interior, o EX30 está alinhado com os modelos mais recentes da marca, inspirado claramente no design escandinavo. Mesmo assim, a marca sueca não teve problemas em inovar, sobretudo ao nível da escolha dos materiais, muitos deles reciclados.

A perceção geral de qualidade é muito boa, ainda que alguns materiais não sejam propriamente os mais macios. Apesar disso, a montagem é sólida e o ambiente a bordo também.

Também interessante é o facto da Volvo propor quatro ambientes distintos para o interior, todos inspirados no minimalismo escandinavo.

É fácil encontrar ligações entre o interior deste EX30 e um daqueles loft sofisticados no centro de Gotemburgo ou Estocolmo. Até porque também temos direito a uma soundbar, tal como nas nossas salas.

Ecrã central requer habituação

Nem tudo são rosas. A Volvo resolveu livrar-se de praticamente todos os botões físicos e centrar a maioria dos comandos num ecrã central tátil de 12,3”.

É aqui que acedemos a funções tão simples como a regulação dos retrovisores exteriores ou a abertura do porta-luvas (que está montado em posição central), à la Tesla.

Nos dias em que passei com este modelo isso não foi problema, mas admito que há uma curva de aprendizagem.

Quanto ao sistema de infoentretenimento propriamente dito, usa Android Automotive como base, pelo que contamos, de forma nativa, com aplicações com Google Maps, Google Assistant e Spotify.

Versatilidade vs Espaço

Em termos de versatilidade, a nota tem de ser obrigatoriamente positiva, porque o EX30 conta com uma série de truques que se mostram muito úteis no dia a dia.

A consola central é um excelente exemplo disso: tem uma grelha com suporte para dois copos que pode ser recolhida, abrindo assim espaço para um porta-objetos.

Por baixo, salta à vista uma zona de arrumação que nos permite guardar pequenos objetos, além do espaço de carregamento sem fios para os nossos smartphones.

Mais acima, tal como já referi, destaca-se o porta-luvas central de maneira a «abrir» mais espaço para as pernas do passageiro da frente. Quanto ao espaço, está longe de ser referência neste segmento, sobretudo ao nível da segunda fila.

É certo que o piso é totalmente plano, mas o comprimento para as pernas é acanhado, tal como o lugar do meio. Algo a que já estamos habituados no segmento B-SUV.

A bagageira tem 318 l de capacidade, aos quais se somam uns «litros extra» de um fundo falso, que permite, por exemplo, guardar os cabos de carregamento. À frente, por debaixo do capô, há um compartimento com sete litros adicionais.

Mais uma vez, a volumetria da bagageira não impressiona quando comparada com os seus concorrentes, mas a abertura do portão é larga, o que ajuda a colocar/tirar objetos do interior.

No meio está a virtude

A unidade que testámos é a Single Motor Extended Range, que vem com bateria de 69 kWh (64 kWh úteis) e anuncia 475 km de autonomia — é o patamar intermédio da gama do EX30. Para mim, acaba por ser a mais interessante, porque nos dá acesso à maior autonomia.

Quanto à potência de 200 kW (272 cv), é mais do que suficiente: o sprint dos 0 aos 100 km/h é feito em 5,3s e a velocidade máxima está fixada nos 180 km/h. Sejamos sinceros, ninguém precisa de mais num pequeno SUV familiar. Estes números são suficientes para colocar um Golf GTI em apuros.

Para mim, mais importante é mesmo o tato dos comandos, que de maneira geral está num nível muito interessante. A resposta do acelerador é muito progressiva e o pedal do travão é bastante fácil de ler/dosear.

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Já a direção pareceu-me demasiado leve e, em alguns momentos, algo artificial, independentemente do nível de assistência escolhido (existem três níveis).

O volante em si, apreciei o facto do aro ser fino e não ter um diâmetro exagerado. Isso, em conjunto com o facto da posição de condução não ser particularmente alta, faz com que a experiência ao volante do Volvo EX30 seja muito agradável.

Dinâmica convence

Quanto ao conforto, o EX30 acaba por cumprir com nota positiva, com a suspensão a fazer um trabalho muito meritório a filtrar as irregularidades do asfalto, mesmo com jantes de 20” «calçadas».

O que também acaba por convencer são os travões de disco às quatro rodas. Contudo, em cidade, senti que no modo one-pedal a desaceleração não era tão forte quanto noutras propostas.

Mesmo sabendo que o EX30 não tem qualquer responsabilidade desportiva, quando subimos o ritmo e «atacamos» uma estrada mais revirada, a resposta é positiva. Isso surpreendeu-me: a inserção em curva é boa, a inclinação lateral está bem controlada e a traseira revela uma tendência natural para começar a rodar para fora, o que nos ajuda a curvar.

Contudo e apesar de nos deixar andar rápido e ter potência para isso, o EX30 não é, obviamente, um desportivo. Se a suspensão fosse mais firme e a direção tivesse mais peso, o «fator diversão» seria inegavelmente superior.

E a autonomia?

Oficialmente, no ciclo combinado WLTP, o EX30 Single Motor Extended Range declara, como já disse, 475 km de autonomia, um valor interessante para o segmento.

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Se andarem longe da autoestrada, vão perceber que é relativamente fácil ficar acima dos 400 km. Até porque andando exclusivamente em cidade e estradas secundárias, com a climatização desligada, consegui médias de consumo abaixo dos 16 kWh/100 km.

Já em autoestrada, em torno dos 120 km/h, os consumos «dispararam» para perto dos 19 kWh/100 km, o que naturalmente «atira» a autonomia para registos mais baixos.

A boa notícia é que quando a bateria se acaba, o EX30 admite velocidades de carregamento de até 153 kW em corrente contínua (DC) e de até 22 kW (de série no nível Ultra) em corrente alternada (AC).

Competitivo também no preço

Dificilmente a estreia da Volvo no segmento B-SUV podia ter sido melhor. O EX30 consegue reunir num «corpo» compacto tudo aquilo que esperamos de um modelo da marca sueca, a começar no design minimalista, passando pelo conforto e acabando na segurança.

A Volvo tem grandes expetativas comerciais para o seu modelo mais pequeno e já está a ir de encontro a elas. Em março a Volvo vendeu 78 970 carros em todo o mundo, um recorde absoluto desde que abriu portas, em 1927. E o EX30 foi o principal responsável por esse recorde.

Este sucesso também terá réplica no nosso país, onde este EX30 parece assentar como uma luva. E explico-vos porquê: é um B-SUV 100% elétrico de uma marca premium com preços a começar nos 37 894 euros, já com uma lista de equipamento interessante.

Dito isto, não acho que a opção mais ponderada seja pagar os 50 071 euros que a Volvo pede pela versão Ultra, que foi a que testámos. O nível intermédio, denominado Plus — desde 40 907 euros —, é mais do que suficiente para as necessidades.

Por outro lado, faz sentido pagar os 5966 euros (no nível Plus) adicionais para chegar à versão Extended Range, com uma bateria maior e uma autonomia dilatada. Sobretudo se fizerem distâncias maiores. Até porque sendo o mercado português dominado por empresas e empresários em nome individual, esta despesa extra é fácil de justificar.

Contas feitas, a versão Extended Range com o nível de equipamento Plus parece-me a mais equilibrada e a mais competitiva, pelo que seria aquela que eu compraria.

Mas independentemente da configuração, uma coisa parece-me evidente: se estiver em busca de um B-SUV elétrico, tem mesmo que considerar o EX30, porque passa a ser diretamente uma das referências do segmento.