Estamos em 2024. Qual é o segredo do Volvo XC60?

O Volvo XC60 continua a dar (muito) trabalho à concorrência. Explico tudo nas próximas linhas.

---

Seis anos após o lançamento da 2ª geração, o Volvo XC60 continua a vender que nem pãezinhos quentes. Parece que a receita deste XC60 não tem meio de arrefecer: está a vender como nunca. Literalmente como nunca.

Em 2023 bateu o seu próprio recorde anual de vendas e foi o segundo modelo mais vendido da marca, com mais de 110 mil unidades entregues em todo o mundo.

Esta performance não é normal. O normal seria haver uma perda de interesse gradual pelo modelo. Qual é o segredo da sua longevidade? Ainda está atual face à concorrência? A resposta a esta e a outras perguntas nas próximas linhas.

Com o preto nunca me comprometo

“Com o preto nunca me comprometo”. Esta frase foi celebrizada por Beatriz Costa — uma das mais famosas atrizes portuguesas, conhecida pelo seu estilo icónico e personalidade marcante — referindo-se à cor preta como uma escolha segura e elegante.

Este Volvo XC60 Black Edition parece seguir a mesma fórmula e aposta tudo nos detalhes a preto. Grelha, jantes, símbolos e até a designação do modelo. Tudo preto.

Acho que este reel apanha bem o espírito desta versão:

Ver esta publicação no Instagram

Uma publicação partilhada por GuiIherme Costa (@o_guilhermecosta)

Já vamos falar das sensações de condução e da tecnologia, mas este é sem dúvida um dos pontos fortes do XC60: um design que, volvidos seis anos, continua atual e parece ser imune à passagem do tempo.

Deste ponto de vista, foi uma aposta ganha. É também uma boa notícia para aqueles que já têm um Volvo na garagem. Percebem onde quero chegar…

O peso dos anos e da qualidade

A qualidade de montagem e dos materiais empregues no habitáculo do Volvo XC60 continuam a alinhar pelo melhor que existe no segmento.

Falando do restante habitáculo temos todos os comandos no sítio certo, mas também já encontramos algumas «marcas» da idade, nomeadamente no infotainment.

É verdade que este sistema foi atualizado e que conta com Apple CarPlay e Android Auto sem fios, mas o ecrã é pequeno e a sua resolução está uma geração atrás da concorrência.

Quanto aos bancos, sobretudo os dianteiros, são um hino à ergonomia e ao conforto. Na minha opinião, são os melhores do segmento. Além disso, as regulações são muito amplas, permitindo que condutores de todas as estaturas se sintam em casa.

Passando para os lugares traseiros, se têm filhos temos boas notícias: há espaço e conforto suficiente para eles adormecerem logo após os primeiros minutos de condução. Já falei de pão, já falei de sestas… nota-se muito que sou alentejano?

Potência e autonomia

Já quem vai ao volante, tem muitos motivos para ficar acordado. Mais concretamente 350 motivos. É esta a potência combinada da unidade híbrida plug-in deste Volvo XC60 T6 Black Edition.

É o resultado do casamento entre um motor 2.0 Turbo a gasolina e um motor elétrico montado no eixo traseiro. Temos um pequeno motor elétrico também na dianteira, mas que serve sobretudo de apoio ao motor de combustão.

A velocidade máxima está limitada a 180 km/h (dá um pouco mais na verdade… descobri sem querer) e a forma como atinge este valor deixa muitos desportivos à distância do nosso espelho retrovisor.

Confesso. Uma vez por outra, é difícil resistir a cravar o acelerador no fundo. Se mesmo assim 350 cv não forem suficientes, podem optar pela versão T8 que oferece 455 cv. Custa mais 4200 euros. Vale a pena? Racionalmente falando não… racionalmente.

Então e os consumos?

Segundo a Volvo, se fizerem o devido uso das baterias do sistema plug-in (com 19 kWh de capacidade), vão ter à vossa disposição 81 km de autonomia 100% elétrica. Este é o valor apurado pela marca em ciclo WLTP combinado. Na realidade contem com 60 km, sem fazer grandes concessões ao peso do vosso pé direito.

É um valor muito interessante, que até pode ser superior se fizerem as vossas deslocações maioritariamente em cidade — é onde este tipo de sistemas tem mais vantagem. Se não recarregarem as baterias, então contem com consumos na ordem dos 9,3 litros por cada 100 km.

Feitas as contas, na semana que passei com este XC60 terminei o teste com uma média de 4,3 litros. Fiz mais de 350 km, dos quais metade foram feitos sem incomodar o motor de combustão.

Se tivesse sido mais regrado, e tirando uma viagem de ida e volta entre Lisboa e Vendas Novas, podia ter feito todas as minhas deslocações sem gastar combustível. Se assim tivesse acontecido, a média teria baixado para uns mais interessantes 2,2 l/100 km.

Senhor da estrada

Levem este Volvo XC60 para uma estrada nacional e desfrutem. É sólido, bem-comportado e rigoroso. Em autoestrada o serviço é o mesmo: revela-se quase imperturbável e muito bem insonorizado.

O prazer de condução deste modelo está precisamente aí, na viagem. Na forma «fácil» como acumula quilómetros. Mas se estão à procura de um parceiro para uma estrada de montanha, então estão à procura no segmento errado.

É que este Volvo XC60 foi pensado para as grandes viagens ou, em alternativa, graças à vertente elétrica do sistema híbrido plug-in, para um quotidiano urbano onde as idas à bomba de gasolina vão ser raras. Basta carregar as baterias em casa ou no escritório. É aqui que está a poupança.

Vamos falar do preço

Um Volvo XC60 Black Edition exatamente igual a este custa 76 462 euros. Mas atualmente está em vigor uma campanha, direcionada às empresas, que coloca o XC60 nos 49 715 euros + IVA. É um valor mais simpático, sem dúvida.

Mas com ou sem campanhas, é um preço que reflete o equipamento, a potência e — porque não… — a diferenciação desta versão Black Edition.

E volvidos seis anos desde o seu lançamento, continua a ser um modelo atual do ponto de vista visual e tecnológico. Onde acusa o peso dos anos é mesmo no sistema de infotainment. Mas se não ligarem muito a gadgets vão conviver bem com isso.

É um Volvo de uma ponta à outra, um concentrado daquilo que a marca representa. O seu sucessor vai ter uma missão difícil pela frente.