Até o nome mudou. Audi A4 agora chama-se A5

Esqueçam tudo o que sabiam sobre o Audi A5. Colocámos à prova o sucessor do A4 e impressionou: a concorrência que se cuide.

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O novo A5 tem a difícil missão de substituir um dos modelos mais bem estabelecidos do catálogo da Audi nas últimas décadas, o A4. É uma decisão arrojada, mas que está enquadrada na mais recente estratégia da marca dos quatro anéis, que resolveu reformular as denominações de toda a sua gama.

Daqui em diante, todos os novos Audi com motor de combustão serão identificados com um número ímpar, ao mesmo tempo que os modelos 100% elétricos serão batizados com um número par.

A troca da designação faz com que, pela primeira vez, o A5 esteja disponível como carrinha, que a Audi chama de Avant. E a bem da tradição, mantém uma oferta de motores onde ainda cabem propostas Diesel.

Foi precisamente esta tecnologia que colocámos à prova nas belíssimas estradas de Nice, que associada à carroçaria Avant parece preencher todos os requisitos para ser a versão mais popular no mercado português. Será que ficámos convencidos? A resposta está aqui:

Maior e mais agressivo

Do ponto de vista estético, é notória uma evolução para traços mais desportivos e agressivos, algo que fica logo evidente ao nível da grelha singleframe, que agora é mais larga e mais estreita.

Importa realçar também a assinatura luminosa, que de forma opcional pode contar com tecnologia OLED. Esta tecnologia permite (através da app da Audi no smartphone ou do ecrã multimédia) alternar o padrão dos faróis/farolins.

Por assentar na nova plataforma PPC (Premium Platform Combustion), o A5 acabou por crescer em todos os sentidos face ao A4: é 7 cm mais comprido e 1 cm mais largo. Curiosamente, isso não se traduziu numa bagageira de maior capacidade.

No caso da A5 Avant, a capacidade de carga na bagageira é de 476 litros (19 litros a menos do que antes), um número que sobe para os 1424 litros com os bancos traseiros rebatidos. Já o A5 berlina, por agora ser um cinco portas (o portão da bagageira abre com o vidro), não perde quase nada neste capítulo: oferece 445 litros e 1299 litros, respetivamente.

Terceiro ecrã é dispensável

No interior, a primeira coisa que reparamos é que também aqui o novo A5 «rasga» quase por completo as ligações ao seu antecessor, adotando o mesmo design que vimos recentemente no Audi Q6 e-tron.

Por isso mesmo, contamos com um tabliê praticamente dominado por ecrãs: atrás do volante temos um painel de instrumentos digital com 11,9”; ao centro, um ecrã multimédia OLED com 14,5”; de forma opcional é possível acrescentar um terceiro ecrã com 10,9” à frente do passageiro da frente.

Na minha opinião, este terceiro ecrã não só é totalmente dispensável como ainda afeta a harmonia visual da cabine, que resulta bem melhor somente com os dois ecrãs mais convencionais.

O que não é negociável é a qualidade percebida do interior, graças aos materiais escolhidos e à montagem sólida, que colocam este Audi A5 entre as referências do segmento.

Quanto ao espaço, o que perdemos na bagageira ganhámos na segunda fila de bancos, que só não leva nota mais elevada por culpa do volumoso túnel de transmissão, que rouba imenso espaço para os pés de quem viaja no lugar central traseiro, como podem de resto ver no vídeo em destaque acima.

Motor Diesel esconde «segredo»

Disponível com três motorizações a gasolina e uma Diesel, o Audi A5 aposta numa gama de motores diversificada, que arranca nos 150 cv da versão 2.0 TFSI e sobe até aos 367 cv das versões S5, equipadas com um substancial motor V6 com 3,0 litros de capacidade.

Pelo meio, surgem duas propostas com 204 cv, uma com um bloco 2.0 TFSI a gasolina e outra com um 2.0 TDI, que foi precisamente aquele que pude conduzir durante este primeiro contacto no sul de França.

Por ser uma versão com muita tradição no mercado português, esta motorização ganha ainda mais importância. Contudo, agora conta com um trunfo novo: um sistema mild-hybrid de 48 V com dois motores elétricos que o tornam mais capaz e eficiente.

Uma das máquinas elétricas faz as vezes de motor de arranque; já a outra é capaz de assumir funções de tração, permitindo que em manobras de estacionamento ou a baixas velocidades este Audi A5 2.0 TDI consiga andar sem recurso ao motor de combustão.

Além disso, este sistema elétrico — alimentado por uma bateria LFP com 1,7 kWh de capacidade — ainda garante um importante boost de 18 kW (24 cv) de potência e 230 Nm de binário, o que naturalmente se traduz num incremente ao nível das performances.

Dinâmica apurada

Sem surpresa, com a ajuda deste sistema elétrico de 48 V, este motor Diesel não só oferece um rendimento elevado como é capaz de garantir consumos comedidos.

A ritmos normais, por estradas secundárias, é fácil fazer consumos na casa dos 5 l/100 km. Isto mostra bem que o Diesel ainda tem muito para dar, sobretudo para aqueles que fazem muitos quilómetros, especialmente em autoestrada.

Contudo, o que mais me impressionou neste novo A5 foi mesmo a compostura de todo o conjunto, sempre muito bem plantado na estrada e sempre sem revelar dificuldades de tração à saída das curvas.

Isso fica ainda mais evidente na variante que conduzi, que por estar equipada com o pack S line conta com uma altura ao solo reduzida em 2 cm.

Além disso, contava com a suspensão adaptativa opcional, que tanto garante um nível de conforto elevado, se assim o quisermos, como se mostra firme o suficiente para nos deixar atacar (com sucesso) uma estrada de montanha mais sinuosa, como aquela onde gravámos este vídeo.

É a mesma estrada que serviu de palco para uma das cenas mais famosas da saga 007, com o agente secreto James Bond. Ora veja:

Comum a todas as versões do modelo é o facto de contarmos com suspensão independente às quatro rodas, uma solução técnica que faz maravilhas no capítulo da dinâmica, onde este A5, mesmo na versão Avant e com motor TDI, recebe uma nota muito alta.

Quanto custa?

Já disponível para encomenda no mercado português, o novo Audi A5 tem preços a começar nos 46 051 euros e pode ir até aos 96 251 euros da versão S5 Avant, com 367 cv. Eis a lista de preços completa:

Versão	Potência	Preço
A5 Limousine TFSI	150 cv	46 051 €
A5 Limousine TDI	204 cv	56 850 €
A5 Limousine TDI quattro	204 cv	60 350 €
S5 Limousine	367 cv	94 300 €
A5 Avant TFSI	150 cv	48 000 €
A5 Avant TDI	204 cv	58 800 €
A5 Avant TDI quattro	204 cv	62 300 €
S5 Avant	367 cv	96 251 €

Quando olhamos para as versões de entrada percebemos que o A5 tem preços muito competitivos face aos dois principais rivais, o BMW Série 3 e o Mercedes-Benz Classe C.

O Série 3, por exemplo, arranca nos 48 900 euros na carroçaria berlina e nos 50 200 euros na variante carrinha. Já o Classe C tem preços que começam nos 53 950 euros para a berlina e nos 55 650 euros para a carrinha.

Contas feitas, o A5 pega naquilo que o A4 tinha feito e eleva-o a um novo patamar. Bem construído, muito refinado e com uma dinâmica muito bem resolvida, este modelo é um digno sucessor do A4 com motor de combustão e passa diretamente a ser uma das melhores propostas do segmento.

É certo que isto nos custou as versões Coupé e Cabrio do A5, que muitos apreciavam. Mas depois desta reorganização da gama, da nova linguagem estética para o exterior e, acima de tudo, para o habitáculo, uma coisa parece-me garantida: a Audi está novamente no rumo certo.