Primeiro Contacto Conduzi o novo Audi A6 elétrico e foi tudo o que estava à espera

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Conduzi o novo Audi A6 elétrico e foi tudo o que estava à espera

Foi nas estradas enroladas de Tenerife que conduzi o primeiro Audi A6 elétrico, que nos quer fazer esquecer o A6 a combustão. E quase que consegue.

Audi A6 e-tron

Primeiras impressões

8/10

Data de comercialização: Dezembro 2024

O A6 e-tron parece um Audi e conduz-se (quase) como um Porsche. Era a resposta alemã que faltava.

Prós

  • Condução/Comportamento
  • Refinamento
  • Tecnologia

Contras

  • Interior complexo
  • Bagageira da carrinha igual à da berlina

O novo Audi A6 e-tron é tudo aquilo que estava à espera e talvez um pouco mais. Passei dois dias na sua companhia em Tenerife, Espanha, e não sobraram dúvidas: do ponto de vista da qualidade e da tecnologia volta a colocar a marca alemã no topo do jogo. E surpreendeu na condução, mas já lá vamos.

Este é um capítulo efetivamente novo na história daquele que tem sido um dos baluartes da classe executiva há mais de 30 anos. Carregar o nome A6 não é uma missão fácil.

© Audi A6 Avant e-tron Performance e S6 Sportback e-tron: conduzi os dois, mas houve um que ganhou a minha preferência nas estradas montanhosas de Tenerife.

Talvez por isso, nesta geração teve a ajuda de uma velha amiga, a Porsche. E quem conhece a história destas duas marcas alemãs, sabe que quando os seus engenheiros se juntam para trabalhar, o resultado normalmente faz história. Lembra-se da Audi RS2? Pois é…

É que sob as linhas aerodinâmicas do A6 e-tron — é o Audi com menor resistência aerodinâmica de sempre —, está a plataforma PPE, desenvolvida em conjunto pelos dois construtores. Desta plataforma já nasceram modelos como a segunda geração do Porsche Macan e o inédito Audi Q6 e-tron.

O novo Audi A6 também tem essa aura de «engenharia alemã», daquele savoir faire, como dizem os franceses — ou Vorsprung durch Technik, como dizem os alemães, e que durante tantos anos foi o lema da marca dos anéis. Uma aura que não se compra, não se aluga e demora muitos anos a conseguir.

A precisão dos comandos, o acerto da suspensão e a leveza de movimentos (apesar das mais de duas toneladas de peso) deste Audi A6 são a notícia que muitos esperavam. Vou explicar tudo nas próximas linhas.

Os mesmos rivais de sempre

Mudam-se os tempos, mas há tradições que se mantêm. O novo A6 e-tron era o elemento que faltava no trio alemão do costume. A Mercedes-Benz foi a primeira a lançar um “Classe E” elétrico, o EQE. Seguiu-se a BMW, com o i5. E agora, temos o A6 e-tron.

Mercedes e Audi apostam em plataformas específicas para elétricos, enquanto a BMW decidiu partilhá-la com o Série 5 a combustão.

Olhando somente para as carroçarias, o EQE continua controverso como sempre. Já o i5 tem as linhas comprometidas pelo uso de uma plataforma que tanto recebe motores elétricos como de combustão. A Audi, tal como o EQE, foi pelo caminho das pedras e desenvolveu tudo a partir do zero, mas com um resultado visualmente distinto.

É o mais apelativo, mas, apesar disso, o estilo mais orgânico e fluído do novo Audi A6 e-tron — e alguns apontamentos decorativos gratuitos a mais —, não consegue expressar visualmente os valores de precisão, robustez e depuração do aclamado período “Bauhaus” da marca do final dos anos 90 e início deste século. Não está longe, mas também podia estar mais perto.

Mais tecnologia, mas menos usabilidade

Considerações estéticas à parte, como disse, o novo A6 e-tron é tudo aquilo que nós esperávamos.

Começando pelo interior, a qualidade de montagem está acima de qualquer suspeita e a escolha de materiais também — os novos revestimentos a tecido são particularmente agradáveis e servem de contraste ao ambiente altamente tecnológico.

interior audi a6 e-tron
© Audi

Será tecnologia a mais? Talvez

Não é o interior mais intuitivo de usar e obriga a um período algo longo de habituação. Os interiores dos carros alemães (e não só), que já foram paradigmas de ergonomia, intuição e usabilidade, perderam bastante nesses capítulos com o avanço da digitalização.

De resto, é fácil encontrar uma boa posição de condução. Os ajustes (sempre elétricos) do volante e bancos são amplos e apesar do volante não ser redondo — topo e base são cortados — não foi um problema.

© Audi Um pedaço de tecnologia que apreciei no novo A6 e-tron: o teto panorâmico com cortinas virtuais.

A visibilidade, à exceção da traseira, é boa, com os pilares dianteiros a não serem muito intrusivos na aproximação a cruzamentos ou nas curvas para a esquerda.

Avant não tem mais espaço para bagagens

O espaço a bordo é igualmente generoso — com quase cinco metros de carro, teria obrigatoriamente de ser —, mas os 502 l da bagageira não surpreendem, ficando até um pouco abaixo dos A6 a combustão.

É um volume suficiente para a maioria das necessidades, é certo, mas torna-se difícil de justificar o facto de a Avant ter exatamente a mesma capacidade do Sportback.

Ambos têm cinco portas e se, no limite, a Avant tem um maior potencial de versatilidade, parece ser não muito mais que uma opção de estilo. Até porque em eficiência — consequência da melhor aerodinâmica — é o Sportback que volta a ter vantagem.

Tração traseira num A6

Tenho de admitir que onde o novo Audi A6 e-tron mais me surpreendeu foi no capítulo dinâmico. Para mais, os percursos em Tenerife eram, sobretudo, troços de montanha mais apropriados a um desportivo do que uma carrinha elétrica com quase cinco metros de comprimento e bem mais de duas toneladas.

Mas a A6 e-tron Avant revelou uma agilidade e leveza no tato, sem perda de eficácia, que está longe do típico e apenas «curvar sobre carris» dos A6 a combustão e da generalidade dos Audi. É, sem dúvida, mais agradável e satisfatório. A direção acompanha este novo sentido de agilidade e fluidez dinâmica. Precisa, direta q.b.

Fernando Gomes aos comandos do Audi S6 e-tron
© Audi Foi a dar uso ao volante que o A6 e-tron e o S6 e-tron mais surpreenderam

É aqui que os genes Porsche na plataforma PPE mais se fazem sentir. Ao contrário de (praticamente) todos os Audi até hoje feitos, o novo A6 nasceu como tração traseira e isso sente-se na condução. Não só na versão Performance — motor elétrico montado no eixo traseiro —; como também no S6 e-tron, com tração às quattro rodas (um motor por eixo).

Além disso, apesar de ser mais um elétrico com excesso de peso, este está muito melhor distribuído e a pesada bateria (100 kWh, tanto no Performance, como no S6 que estavam disponíveis), está perto do solo, dando aos A6 e-tron e S6 e-tron um centro de gravidade muito baixo.

Os mais de 2200 kg sentem-se, previsivelmente, nas travagens mais fortes. É aí que percebemos o momento que carregamos para as curvas. Dito isto, nota muito positiva para os travões, especialmente o tato e modulação do pedal, que nos modelos eletrificados nem sempre é fácil de acertar na transição entre a travagem regenerativa e hidráulica.

O eixo traseiro é o dominante e dá uma nova personalidade dinâmica ao executivo da Audi. E nem sequer tem eixo traseiro direcional, como nos principais rivais.

Aliás, após subir e descer uma montanha aos comandos do S6 e-tron, com secções bastante enroladas, quando se perguntou ao responsável pela dinâmica destes A6 e S6 elétricos o porquê de não ter eixo traseiro direcional, ele foi rápido a retorquir: “sentiu falta?” — touché

Tive oportunidade de conduzir a A6 e-tron Performance e o S6 e-tron e acabei por apreciar o mais caro e potente. Mas não foi só pela performance extra — 551 cv contra 381 cv, que já dá para pressionar as costas contra o banco —, mas foi, sobretudo, pela suspensão pneumática de série no S6.

Esta dá uma camada adicional de controlo dos movimentos de carroçaria, sem beliscar a agilidade ou o conforto, aumentando a precisão. As boas notícias é que está disponível como opção no Performance.

Estradista nato

Mas se é fã da marca, não receie. As qualidades estradistas do A6 e-tron continuam intocáveis. Em autoestrada tem aquela qualidade imperturbável, num misto de isolamento do exterior e estabilidade, como só os alemães parecem saber fazer.

Não é difícil imaginar viajar numa autobahn a mais de 160 km/h como se não fosse nada durante muitos e muitos quilómetros. E ajuda a justificar os 100 kWh de bateria — sempre dá para fazer mais quilómetros a velocidades de autoestrada.

Audi S6 e-tron sportback, frente 3/4
© Fernando Gomes / Razão Automóvel No topo do mundo, ou melhor, de Tenerife, a mais de 2200 m acima do nível do mar.

Consumos? Vai ter de esperar por um teste mais prolongado em Portugal. Com o percurso deste primeiro contacto a levar-nos da cota zero, ao nível do mar, até ao topo de uma montanha com 2200 m, e nem sempre com pé leve, não há milagres.

Quanto custa o novo Audi A6 e-tron?

O Audi A6 e-tron tem preços em Portugal a começar nos 66 900 euros e as encomendas já abriram no final do ano passado. As entregas começam no final deste mês ou início do próximo.

Os preços do A6 e-tron começam num patamar abaixo dos seus principais concorrentes, Mercedes-Benz EQE e BMW i5, mas fica alinhado com estes nas restantes versões, como o Performance e o S6 que pude conduzir.

O novo Audi A6 e-tron destaca-se dos rivais, no entanto, pela bateria de 100 kWh, que lhe dá a vantagem no sempre importante capítulo da autonomia.

VersãoBateriaAutonomiaPreço
A6 Sportback e-tron83 kWh625 km66 900 €
A6 Avant e-tron83 kWh595 km68 741 €
A6 Sportback e-tron Performance100 kWh754 km75 082 €
A6 Avant e-tron Performance100 kWh716 km76 932 €
A6 Sportback e-tron quattro100 kWh714 km81 282 €
A6 Avant e-tron quattro100 kWh682 km83 132 €
S6 Sportback e-tron quattro100 kWh661 km98 883 €
S6 Avant e-tron quattro100 kWh635 km100 733 €

Na Europa, é certo que não parece ser a altura certa para lançar uma grande berlina e carrinha 100% elétrica, mas isso não invalida a qualidade desta proposta.

O novo executivo tem todos os atributos que esperamos de um Audi, estando a diferença no facto de ser elétrico; e na surpresa da condução, que mostrou ser mais dinâmica que a esperada.

Veredito

Audi A6 e-tron

Primeiras impressões

8/10
O primeiro Audi A6 elétrico é, acima de tudo, um Audi. Sólido, cheio de tecnologia, mas foi a dinâmica mais ágil e “conectada” ao condutor que acabou por roubar a atenção. O S6 foi uma surpresa particularmente agradável.

Data de comercialização: Dezembro 2024

Prós

  • Condução/Comportamento
  • Refinamento
  • Tecnologia

Contras

  • Interior complexo
  • Bagageira da carrinha igual à da berlina