Audi RS 3
Primeiras impressões
O Audi RS 3 resiste à eletrificação e nesta renovação o cinco cilindros mantém os 400 cv. Ainda assim tirou sete segundos ao seu tempo no Nürburgring.
Prós
- Eficácia/diversão em pista
- Performances
- Qualidade geral
Contras
- Pouca evolução no design
- Volante achatado em cima/baixo
- Suspensão em muito mau piso
- Preço
O RS 3 tem sido definido, desde o original em 2011, por duas coisas: a tração às quatro rodas e o «musculado» motor de cinco cilindros turbo com 2,5 l. Uma receita que, ao longo de três gerações, se traduziu em mais 80 mil unidades vendidas e um dos hot hatch mais cheios de caráter que se pode comprar.
Tudo o que é bom parece que tem de terminar e este RS 3 2025 deverá ser mesmo o último da espécie. Não há planos na Audi para continuar a evoluir o cinco cilindros ou fazer um novo.
Este primeiro contacto ao renovado RS 3 ganha, por isso, um significado especial. Para mais, esta última evolução do desportivo é também a melhor de sempre.
O que mudou?
O RS 3 recebeu muitas das atualizações que já vimos no A3. Logo no exterior se percebe que a evolução é muito ténue, com uma zona inferior redesenhada nos para-choques dianteiro e traseiro.
Além disso tem uma nova assinatura luminosa, que em combinação com os faróis matrix LED, o condutor passa a poder escolher entre uma de três configurações de luzes de condução diurna a partir do ecrã central de infoentretenimento. Tudo o que mudou, em mais detalhe:
Volante «de corridas»
Por dentro, continuamos a descobrir esta discreta evolução, com o novo volante, que passa a ser também achatado na parte superior. Não é necessariamente uma vantagem, mas mais uma forma de marcar a diferença.
Na face do volante há dois novos botões vermelhos, um à esquerda para acionar o programa de condução Performance e outro à direita para aceder ao programa individual RS, com as configurações selecionadas pelo condutor.
O cockpit virtual configurável é de série (12,3″), que mostra as rotações num gráfico de barras e a potência e binário em percentagens, incluindo ainda mostradores das forças g, dos tempos por volta e de várias acelerações.
O indicador intermitente de recomendação de passagem de caixa muda a cor do mostrador de rotações de verde para amarelo e para vermelho, piscando como em alguns carros de corrida.
O ecrã central tátil de 10,1” inclui o “Monitor RS”, no qual se podem ver as temperaturas do líquido de refrigeração, do motor e do óleo da caixa, além da pressão dos pneus. Há ainda um head-up display.
Sem eletrificação
Mesmo que os motores a gasolina ainda durem um pouco mais do que se chegou a pensar, a Audi terá de começar a eletrificar a “purificar” a sua gama RS no futuro próximo. O renovado RS 3 deverá, por isso, ser o último sem qualquer tipo de eletrificação.
Os engenheiros da Audi referem que falta espaço debaixo do capô do RS 3 como razão para não terem sequer feito a mais ligeira das eletrificações (mild-hybrid), o que leva a supor que um futuro RS 3 possa ter um cilindro menos.
O coração do Audi RS 3 continua a ser o “fiel” propulsor de cinco cilindros em linha, 2.5 l, turbo, com um rendimento máximo de 400 cv e 500 Nm, ou seja, sem alterações ao que já conhecíamos. Os 0 a 100 km/h são atingidos em apenas 3,8s, e a velocidade máxima pode ser de 250, km/h 280 km/h ou 290 km/h — nestes dois últimos casos, mediante pacotes opcionais.
Para colocar esses números em perspetiva, a aceleração é 0,1s mais rápida do que a do Mercedes-AMG A 45 S 4MATIC+ (421 cv, quatro cilindros, 2,0 l, turbo) e 0,2s melhor do que a do BMW M2 Coupé (480 cv, seis cilindros, 3,0 l, turbo) — não é um hot hatch, mas não deixa de ser um rival a considerar.
Valores que surpreendem, especialmente no caso do BMW, dada a sua potência superior. Mas o rival bávaro é prejudicado pelo facto de ter apenas tração traseira e de ser 165 kg mais pesado — 1805 kg vs 1640 kg.
Civilizado q.b.
Pressiono o botão start/stop e o som gutural do motor de cinco cilindros enche os tímpanos, sendo mais volumoso nos modos de condução mais desportivos. O controlo da válvula de escape foi otimizado entre as 2200 rpm e as 3500 rpm para um «cantar» feito de frequências mais encorpadas, especialmente com o opcional sistema de escape RS Sport.
Em estradas públicas, o Audi RS 3 mostra-se capaz de assegurar um nível aceitável de conforto para uma utilização quotidiana passar. Para isso temos de usar os modos mais “civilizados”, Efficiency e Comfort. Se bem que ao passar por desníveis mais fortes, o impacto é muito forte, mas é em pista que se torna possível descobrir a sua essência visceral.
A aceleração é alucinante com o programa de controlo de lançamento, sem qualquer sinal de perda de tração das rodas, cumprindo claramente a promessa de menos de quatro segundos até aos 100 km/h.
Não é apenas para andar a direito
Mas mais do que aceleração pura em linha reta, os engenheiros da Audi Sport orgulham-se dos resultados conseguidos com o repartidor de binário — já presente na anterior versão — que dirige mais binário para a roda traseira externa com mais carga, para reduzir a tendência de subviragem (alargamento de trajetória).
O repartidor de binário é um conjunto composto por uma unidade de controlo e duas embraiagens multidisco colocadas na saída do diferencial traseiro, uma por cada roda. Se a embraiagem estiver fechada, esta roda recebe binário, se estiver parcial ou totalmente aberta, recebe menos ou nenhum binário.
O objetivo final é o “de otimizar a estabilidade e agilidade quando se curva a alta velocidade, ao permitir uma aceleração mais precoce e rápida na saída das curvas para maior segurança na condução quotidiana e tempos por volta mais rápidos em pista”, como explica Norbert Gossl, um dos engenheiros da Audi que teve a cargo o desenvolvimento dinâmico do RS 3.
No renovado RS 3 foi introduzido um novo algoritmo no software para otimizar o seu funcionamento. Simplificando, a sobreviragem (tendência para soltar a traseira) era anteriormente corrigida pela ação do acelerador (acelerando mais).
Agora o controlo é feito primordialmente pela direção, o que permite iniciar a contrabrecagem mais cedo. Depois, a distribuição variável do binário pelas rodas dianteiras e traseiras, o controlo eletrónico de estabilidade e a vetorização de binário (que trava ligeiramente as rodas interiores à curva) fazem o resto.
Talento oculto
No programa de condução mais extremo, Torque Rear (que não é adequado para usar em estradas públicas, sendo o condutor alertado quando liga este modo “drift”) a totalidade do binário traseiro é enviado para a roda exterior para que se consigam fazer longas derrapagens controladas.
Tanto em estrada como em pista, a direção mostrou-se muito rápida, precisa e comunicativa, sendo um dos pontos fortes da dinâmica do RS 3. Tal como a travagem, que em pista foi capaz de resistir bem à utilização abusiva, tanto mais que o carro guiado em circuito contava com o reforço de discos cerâmicos (nas rodas dianteiras apenas).
Menos sete segundos em Nürburgring
É certo que nesta experiência de condução em pista — circuito de Castelloli, a norte de Barcelona — não conseguimos perceber esse tipo de ganhos concretos na luta contra o cronómetro, mas há quem o tenha feito antes.
Frank Stippler, piloto de testes da Audi Sport, estabeleceu um novo recorde de volta com o RS 3 no circuito de Nürburgring-Nordschleife em 7min33,123s: sete segundos mais rápido do que antes. O que dá cerca de menos 0,3s por cada quilómetro dos 20,8 km totais.
Vendo a coisa no contexto das corridas de automóveis, as vitórias conquistam-se à décima e é também relevante que os rivais fiquem para trás nesta pista de referência: o BMW M2 é quase cinco segundos mais lento (7min38,23s) e o Mercedes-AMG A 45 corta a meta 15 segundos depois (7min48,8s).
Quase 90 mil euros sem extras
Sem dúvida que estes registos, como os conseguidos em Nürburgring, importam para muitos dos clientes que podem dar quase 90 000 euros (87 138 euros) por este desportivo compacto.
Mesmo sendo o carro que é, o preço é muito elevado — deu um salto de quase sete mil euros em relação ao anterior —, mas ainda assim é o mais acessível entre os seus rivais: o Mercedes-AMG 45 S 4MATIC+ tem preços a começar nos 91 250 euros e o BMW M2 começa nos 95 000 euros.
Se nos distrairmos com a extensa lista de opcionais, facilmente ultrapassamos os 100 mil euros…
Veredito
Audi RS 3
Primeiras impressões
Prós
- Eficácia/diversão em pista
- Performances
- Qualidade geral
Contras
- Pouca evolução no design
- Volante achatado em cima/baixo
- Suspensão em muito mau piso
- Preço
Especificações técnicas
Audi RS 3 | |
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Motor (gasolina) | |
Arquitetura | 5 cilindros em linha |
Posicionamento | Dianteiro Transversal |
Capacidade | 2480 cm3 |
Distribuição | Distribuição 2 a.c.c./20 válv. |
Alimentação | Injeção mista Direta/indireta; turbo; intercooler |
Potência | 400 cv entre 5600-7000 rpm |
Binário | 500 Nm entre 2250-5600 rpm |
Transmissão | |
Tração | Integral |
Caixa de velocidades | Automática (dupla embraiagem) 7 velocidades |
Chassis | |
Suspensão | FR: Independente, MacPherson TR: Independente, multibraços |
Travões | FR/TR: Discos ventilados |
Direção | Assistida eletricamente |
N.º voltas ao volante | N.D. |
Diâmetro de viragem | 12,0 m |
Dimensões e Capacidades | |
Comp. x Larg. x Alt. | 4381 mm x 1851 mm x 1418 mm |
Distância entre eixos | 2631 mm |
Capacidade da mala | 282-1104 litros |
Pneus | FR: 265/30 R19; TR: 245/35 R19 |
Peso | 1640 kg |
Depósito de combustível | 55 l |
Prestações e consumos | |
Velocidade máxima | 250 km/h (opcionalmente até 290 km/h) |
0-100 km/h | 3,8s |
Consumo combinado | 9,3 l/100 km |
Emissões CO2 | 211 g/km |
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