Primeiro Contacto Testámos o Bentley Continental mais potente e eficiente de sempre

Testámos o Bentley Continental mais potente e eficiente de sempre

A Bentley avança rumo à eletrificação com o Continental GT híbrido plug-in: menos cilindros, mas mais potência, desempenho e eficiência.

Bentley Continental GTC Speed

Primeiras impressões

8/10

O Bentley Continental GTC Speed é a aposta de Crewe para o descapotável mais luxuoso e potente do planeta.

Prós

  • Prestações
  • Sonoridade do V8
  • Autonomia elétrica
  • Consumo de energia

Contras

  • Agilidade em curva
  • Bagageira mínima
  • Preço
  • Potência de carregamento

O Bentley Continental GT Speed é agora o automóvel de produção em série mais potente do centenário fabricante de Crewe. A silhueta clássica da carroçaria foi preservada, especialmente nos ombros traseiros muito largos e musculados que dão ao Continental a imagem de “uma fera em repouso, mas pronta para atacar qualquer presa que lhe surja pela frente”, tal como referido pela Bentley.

A secção dianteira mais vertical e elevada também continua em funções, ao contrário do motor W12, que foi substituído pelo 4.0 V8 em cooperação com um motor elétrico para compensar a perda de rendimento.

Em termos estilísticos, o exterior apresenta linhas mais limpas e modernas e os faróis dianteiros dispõem agora de uma única lente. Pela primeira vez desde o Bentley S2 de 1959, os faróis abandonam o formato duplo e cada um dos grupos óticos inclui agora uma “sobrancelha” com efeito de diamante lapidado. A tecnologia de matriz LED, com 120 pontos de iluminação controlados digitalmente, permite uma transição mais suave entre zonas com mais ou menos iluminação.

Na traseira, o para-choques mais largo, os faróis mais integrados na tampa da bagageira e as saídas de escape foram redesenhados. Já a tampa da bagageira, integra agora um perfil de spoiler aerodinâmico fixo.

Conceito clássico no interior

O interior mantém uma aparência clássica, com poucas alterações. A consola central está repleta de botões com acabamento plástico preto de qualidade inferior ao que se poderia esperar num automóvel de luxo. Em contrapartida, têm a vantagem de não serem tão propensos a gravar impressões digitais como as superfícies em negro lacado.

Entre as novidades está o revestimento almofadado das portas e dos assentos, inspirado na moda contemporânea, mas também o acabamento Dark Chrome (em algumas versões) nos puxadores das portas, grelhas dos altifalantes e outros detalhes, que geram um ambiente mais moderno a bordo.

A experiência audiófila também foi aprimorada, com três opções de sistemas de áudio, que podem alcançar uma potência máxima de 2200 watts. Neste capítulo, um dos destaques é a presença de um para-brisas com vidro laminado, capaz de reduzir o ruído que entra no habitáculo em nove decibéis. Com a capota fechada, naturalmente.

O icónico ecrã rotativo da Bentley mantém-se, oferecendo três modos: um ecrã digital de alta-definição de 12,3”, três mostradores analógicos ou um painel em folha de madeira nobre. Além disto, foram melhorados os sistemas de climatização e massagem nos assentos, assim como as funcionalidades de conectividade, incluindo ligação sem fios para dispositivos Apple e Android e até o carregamento por indução.

Tecnologia amplia conforto

Antes de sair para a estrada, Richard Haycox — responsável pela dinâmica de chassis do Bentley Continental GTC Speed — destacou as principais melhorias técnicas. Apesar de a distância entre eixos se manter, “mantivemos a arquitetura da suspensão, mas com uma nova afinação, tendo em conta o aumento de peso em 197 kg. Além disso, conseguimos uma distribuição de peso quase equitativa (49-51%) entre os dois eixos, sobretudo devido ao posicionamento da bateria na traseira e a outras atualizações no chassis.”

Bentley Continental GTC Speed - Joaquim Oliveira
© Bentley

Outra das novidades foi a “introdução de novos amortecedores de duas válvulas, desenvolvidos em parceria com a Porsche e estreados no novo Panamera, que usa a mesma plataforma. Não só permitem uma diferenciação mais clara entre os modos de condução Comfort e Sport, como melhoram significativamente o conforto de condução. A segunda válvula, que atua na compressão, minimiza as oscilações da carroçaria ao absorver melhor as irregularidades do asfalto, sem comprometer a estabilidade.”

Haycox explicou ainda que “recursos como as barras estabilizadoras eletrónicas de 48 volts e o eixo traseiro direcional foram mantidos, fazendo agora parte do equipamento de série. Ainda assim, este último oferece agora uma resposta mais agressiva no modo Sport, mesmo mantendo um ângulo de rotação das rodas traseiras nos 4,1 graus.”

A suspensão pneumática, agora com duas câmaras em vez de três, complementa os novos amortecedores, dispensando ajustes de rigidez nas molas e contribuindo para reduzir peso e custos.

O W12 morreu, viva o V8!

Desde abril que os motores W12 pertencem apenas ao Museu Bentley. No seu lugar, está agora o redesenhado V8 de 4,0 l, sem o sistema de desativação ativa dos cilindros, uma vez que o sistema híbrido plug-in é capaz de os desligar completamente. A potência máxima combinada GT Speed é de 782 cv e o binário ascende aos 1000 Nm, tornando-se o Bentley de produção mais potente da história.

A pressão de injeção de combustível aumentou de 200 para 350 bar, melhorando a eficiência de combustão. Face ao antigo W12 de 6,0 l, apenas a velocidade máxima de 335 km/h é semelhante (285 km/h no GTC).

Bentley Continental GTC Speed - jante
© Bentley

De resto, acelera dos 0 aos 100 km/h em 3,2s (3,4s no GTC) e oferece mais binário a baixas rotações, com 800 Nm logo às 1000 rpm e um pico de 1000 Nm disponível entre as 2000 e as 5000 rpm — contra os 900 Nm entre as 4000 e as 5000 rpm no seu antecessor. Este equilíbrio entre potência e eficiência redefine o legado da Bentley.

Entre 1 e 10 litros aos 100 km

Além dos eloquentes valores de prestações, o Bentley Continental GT Speed destaque pelo consumo médio anunciado de 1,7 l/100 km, outro recorde histórico para a marca de Crewe. Ao mesmo tempo, promete 78 km de autonomia exclusivamente elétrica, enquanto mantém as emissões de CO2 em 31 g/km num percurso misto e com o sistema híbrido no modo Auto.

Durante o percurso de 81 km que fiz com o GTC Speed (durante o qual usei toda a carga da bateria), o consumo real foi de 26,9 kWh/100 km e de 10,9 l/100 km, uma vez que a condução decorreu a ritmos mais “vivos” do que a maioria dos condutores irão fazer no seu quotidiano.

A bateria de iões de lítio montada atrás do eixo traseiro, ajuda na já referida distribuição de peso e tem uma capacidade de 25,9 kWh (24,6 kWh utilizáveis). Para uma carga completa, são necessárias 2h45m em corrente alternada (AC), a 11 kW.

Bentley Continental GTC Speed - motor V8
© Bentley

Os modos de condução do sistema híbrido incluem o elétrico puro, o modo automático com travagem regenerativa e o modo “Charge”, que o motor V8 é usado para locomoção, mas também como gerador de energia. Desta forma, é evitada a ligação a uma tomada externa, mas a eficiência energética é bastante penalizada.

O binário é enviado para as quatro rodas através da conhecida transmissão automática de dupla embraiagem e oito velocidades. Além disso, está presente um diferencial autoblocante traseiro eletrónico e um central, destinado a gerir a repartição de binário entre ambos os eixos.

Dupla sessão confirma credenciais

A experiência de condução do novo Bentley Continental GTC Speed combinou dois cenários distintos: os Alpes Suíços, com as suas estradas sinuosas, e o autódromo de Castellolí, onde há cerca de três meses tive a oportunidade de conduzir uma versão pré-série, ainda com camuflagem.

O GTC Speed está disponível com capota de lona de sete camadas, em sete tons distintos. Esta pode ser aberta ou fechada a velocidades até 48 km/h e, segundo a Bentley, em apenas 19s. Com a capota em cima, as suas propriedades de isolamento acústico e térmico são muito boas.

Em termos de temperatura, o ar da montanha em altitude já bastante frio para um nativo do Sul da Europa no início de outubro, pelo que, para conduzir com a capota aberta, foi necessário recorrer ao aquecimento dos assentos e à ventilação de ar quente nos encostos de cabeça.

Bentley Continental GTC Speed - instrumentação
© Bentley

Desta forma, ficaram reunidas as condições para um contacto mais direto com os elementos e para poder desfrutar, sem barreiras acústicas, do delicioso som do V8. Os graves que nos chegam aos ouvidos não deixam ninguém de luto pelo desaparecimento do motor W12, especialmente no modo Sport — mesmo que os rateres sejam agora uma coisa do passado.

Pelas montanhas, de «pantufas»

No extremo oposto, no modo de condução 100% elétrico, o Bentley Continental GTC Speed desliza de «pantufas», sem emitir qualquer ruído e até aos 140 km/h. Pelo menos, desde que não exista uma pressão excessiva no acelerador e que se «acorde» o V8.

Os outros modos de condução são o B(entley) — que pode ser considerado o «normal» —, o Comfort e o Custom, sendo que este último permite ajustar individualmente parâmetros que afetam diretamente a resposta dinâmica do automóvel. O botão E-mode, na consola central, pode ser usado para alternar entre o modo 100% elétrico, o Charge e o Hold, em que a carga de bateria é mantida.

Nas retorcidas estradas das montanhas suíças, com um asfalto muito uniforme, não foram colocados desafios sérios à suspensão do GTC Speed. Ainda assim, foi possível confirmar que o conforto de rolamento é o maior progresso face ao seu antecessor — mesmo com jantes de 22” e pneus 275/35 à frente e 315/30 atrás.

Por outro lado, a direção é precisa, a caixa de velocidades responde de forma fluida e os travões de discos cerâmicos (opcionais) mostraram-se à altura das exigências, oferecendo resistência à fadiga e uma potência de travagem elevada, mesmo com uma massa de 2,6 toneladas lançada a velocidades mais elevadas.

Já disponível para encomenda

A nova geração do Bentley Continental já está disponível para encomenda no mercado nacional, seja no formato coupé (GT) ou no descapotável (GTC), mas sempre com a designação Speed.

Em termos de preços, os valores começam um pouco acima dos 300 mil euros para o formato GT, com tejadilho. Para o Bentley Continental GTC Speed, o descapotável, o preço de referência é de 338 320 euros.

Bentley Continental GTC Speed - logótipo Speed
© Bentley

Depois deste momento, surge aquele em que cada cliente da Bentley gosta — cada vez mais — de personalizar o seu novo automóvel da melhor forma. E nesse caso, os artesãos da marca de Crewe e os da Mulliner estão prontos para tentar concretizar todos os sonhos dos seus clientes. Por um preço, claro…

Veredito

Bentley Continental GTC Speed

Primeiras impressões

8/10
O Bentley Continental GTC Speed mantém o desenho moderno e a imagem luxuosa, mas o interior podia ser mais arrojado. O V8 híbrido brilha em prestações e sonoridade, mas o W12 deixa saudades. O comportamento dinâmico é eficaz, a direção precisa e a travagem potente, mas sente-se o peso elevado do conjunto.

Prós

  • Prestações
  • Sonoridade do V8
  • Autonomia elétrica
  • Consumo de energia

Contras

  • Agilidade em curva
  • Bagageira mínima
  • Preço
  • Potência de carregamento

Especificações técnicas

Bentley Continental GTC Speed
Motor (gasolina)
Arquitetura8 cilindros em V
PosicionamentoDianteiro, longitudinal
Capacidade3996 cm3
DistribuiçãoDOHC/32 válvulas
AlimentaçãoInjeção direta
Potência600 cv às 6000 rpm
Binário800 Nm a partir das 2000-4500 rpm
Motor (elétrico)
TipoSíncrono de íman permanente
Potência140 kW (190 cv)
Binário450 Nm
Rendimento total combinado782 cv / 1000 Nm
BateriaIões de lítio
Capacidade25,9 kWh (24,6 kWh utilizáveis)
Carregamento AC (11 kW)2h45m
Transmissão
TraçãoIntegral
Caixa de velocidadesAutomática (dupla embraiagem) de 8 vel.
Chassis
SuspensãoFR: Independente, triângulos sobrepostos, barras estabilizadoras eletrónicas;
TR: Independente, triângulos sobrepostos, barras estabilizadoras eletrónicas
TravõesFR: Discos ventilados, carbo-cerâmicos (unidade ensaiada);
TR: Discos ventilados, carbo-cerâmicos (unidade ensaiada)
DireçãoAssistência elétrica, quatro rodas direcionais
Dimensões e Capacidades
Comp. x Larg. x Alt.4895 mm x 1966 mm x 1392 mm
Distância entre eixos2848 mm
Capacidade da mala134 l
Capacidade do depósito38 l
PneusFR: 275/35 R22; TR: 315/30 R22
Peso2636 kg
Prestações e consumos
Velocidade máxima285 km/h
0-100 km/h3,7s
Consumo10,6 l/100 km (gasolina);
1,7 l/100 km (sistema híbrido em automático)
Autonomia elétrica78 km
Autonomia total838 km
Emissões CO231 g/km