Bentley Mulliner Batur
Primeiras impressões
O Batur é também o Bentley de produção mais caro de sempre; é de esperar que a exclusividade alcance patamares ainda mais requintados.
Prós
- Exclusividade assegurada
- Comportamento eficaz e confortável
- Prestações
Contras
- Preço
- Semelhanças com instrumentos da Audi
- 18 unidades já têm dono
“Aqui tem a chave do carro 00, o percurso está programado na navegação. Vemo-nos daqui a umas duas horas”.
Mais ou menos entregue à sorte — que terá de ser «amiga» para me deixar completar, literalmente sem deslizes, um trajeto sinuoso, em alcatrão molhado, por entre nevoeiro denso e bermas a transbordar de empedernidos dejetos do vulcão Teide, na ilha de Tenerife —, estou finalmente pronto para não reduzir a cinzas, também literalmente, as reluzentes jantes de 22” feitas por encomenda para o Bentley Mulliner Batur.
Antes disso, no entanto, é necessário um pequeno «rebobinar» para explicar o que tenho nas mãos, com a ajuda de Paul Williams, o diretor técnico (CTO) da Mulliner, a divisão que se encarrega de personalizar e criar versões ultra exclusivas de automóveis na Bentley.
“Encomendamos um Continental GT Speed à fábrica, retiramos todos os painéis da carroçaria, melhoramos o motor, alteramos o habitáculo, reconstruímos a carroçaria à mão… e fazemos nascer cada um dos 18 Batur”.
Paul Williams, CTO da Mulliner
Este é o segundo modelo feito de base pela Mulliner, depois do Bacalar, há apenas um ano, que se junta na Bentley a uma crescente procura de conteúdo personalizado. “Em 2022 vendemos mais 4% de automóveis, mas os lucros dispararam 82%, de um valor médio de 180 mil euros por cada Bentley vendido para cerca de 220 mil euros, em apenas dois anos”, adianta Williams.
Quanto ao Bentley Mulliner Batur — nome emprestado pelo maior lago da ilha de Bali, na Indonésia —, trata-se de uma espécie de celebração dos 20 anos de vida do Continental e, ao mesmo tempo, uma ode ao motor W12, que está prestes a terminar a sua produção.
12 cilindros e 750 cv
O motor de 6,0 l, biturbo, com 12 cilindros em “W” é o mais potente de sempre da Bentley e terá uma produção muito limitada. Face à sua primeira versão, de 2002, houve um acréscimo no rendimento de 40%. “Temos um novo sistema de admissão, com uma conduta 33% maior, um compressor mais evoluído e intercoolers mais avançados e de maiores dimensões”, diz-me Williams depois de lhe perguntar quais as alterações efetuadas no motor.
Desta forma, a potência é agora superior em 91 cv, passando dos originais 659 cv para 750 cv. E o binário máximo também aumentou, de 900 Nm para 1000 Nm. Valores suficientes para conseguir «disparar» o Batur até aos 337 km/h e permitir que precise apenas de 3,4s para acelerar dos 0 aos 100 km/h. Algo que se torna ainda mais impressionante, se considerarmos que se trata de um carro que pesa 2,2 toneladas.
Em momentos de utilização mais moderada do acelerador, metade dos cilindros são desligados para permitir um consumo mais moderado. Ou seja, o Batur passa a mover-se como se tivesse «apenas» seis cilindros.
Um «dador» muito generoso
A distância entre eixos é a mesma do Continental GT Speed e só a via traseira aumenta dois centímetros. De resto, estão incluídos o eixo traseiro direcional do GT Speed, a suspensão pneumática de três câmaras, barras estabilizadoras eletrónicas de 48 V — que podem gerar até 1300 Nm em 0,3s para contrariar o rolamento da carroçaria — e o diferencial autoblocante traseiro eletrónico (eLSD).
Tal como acontece no modelo «dador», são estes os ingredientes que permitem alcançar um nível de agilidade nunca visto num Bentley de estrada, mesmo com quase cinco metros de comprimento e dois metros de largura, sendo marginalmente mais leve do que o GT Speed.
No Bentley Batur o sistema de escape é produzido em titânio, os travões em carboneto de silício, a caixa automática usa o conhecido mecanismo de oito velocidades de dupla embraiagem e o autoblocante eletrónico ainda ajuda a maximizar a motricidade, com a função de vetorização de binário por travagem.
Requintes de malvadez
Aceleremos, então, para o ponto de partida. Aproximo-me de um dos poucos Bentley Batur que existem até hoje e que foram usados intensamente durante todo o desenvolvimento do carro.
Descubro a grelha numa posição mais vertical e profunda, o enorme capô e a linha que se inicia na frente do carro, se prolonga pela cintura na zona do habitáculo e termina junto ao pilar traseiro. Além disso, o Batur estreia as óticas com uma série de segmentos iluminados que a Bentley afirma ir utilizar nos seus futuros modelos elétricos.
Charme muito sofisticado
Do ponto de vista do condutor, descubro uma combinação de elementos usados no Continental e no Bacalar, destacando-se os componentes em titânio, carbono e até em ouro de 18 quilates, produzido a partir de joias antigas recicladas e com impressão 3D, com a assinatura da Mulliner.
O painel de instrumentos é totalmente digital e bastante completo, mas quem conhece bem os modelos da Audi não deixa de passar por uma certa sensação de déjà vu. Tendo em conta o preço do Bentley Batur, era expectável algo mais exclusivo.
A zona central do tabliê inclui os três mostradores analógicos redondos, com as informações da temperatura exterior, bússola e cronómetro. No entanto, toda esta peça tem a capacidade de rodar sobre si mesma e trocar estes mostradores pelo ecrã central de infoentretenimento. Um momento que eleva ainda mais o charme muito sofisticado do habitáculo.
Numa vénia à tradição — ou um sinal de que este interior está um pouco datado — estão ainda presentes 22 botões e três comandos rotativos na consola central, entre os assentos dianteiros. Alguns dos quais produzidos num plástico de qualidade inferior ao exigível.
Comportamento melhorado
O Bentley Batur usa a mesma plataforma do Porsche Panamera, mas com uma afinação mais ao jeito da marca de Crewe, o que significa que o motor envia até 72% do binário para as rodas traseiras no modo de condução Sport.
Nos modos “Comfort” e “Bentley”, as rodas dianteiras podem receber até 36% do binário, neste caso, com um máximo de 64% enviado para o eixo posterior. Nestes dois modos de condução, o Bentley Batur tem o conforto de um Gran Turismo, com uma altura ao solo elevada em 15 mm.
Em modo Sport, o Batur porta-se mais como um desportivo, com a suspensão um pouco mais firme e o motor a elevar o «tom de voz», acompanhado de frequentes rateres, que tornam o seu discurso ainda mais eloquente. As passagens de caixa ganham «urgência» nas reduções e atrasam a passagem para a relação acima, explorando um pouco melhor a escala do conta-rotações.
A velocidades de cruzeiro, em autoestrada, o silêncio a bordo é uma cortesia da excelente insonorização do habitáculo, com vidros duplos. No entanto, este também pode ser o momento certo para se deliciar com a qualidade acústica quase inverosímil do sistema áudio Super Naim, desenvolvido em parceria com a Focal exclusivamente para o Bentley Batur. É um dos poucos opcionais disponíveis, com um preço a rondar os 50 mil euros.
Batur é ainda mais envolvente
A direção é suficientemente direta e precisa para um GT, ganhando peso no modo Sport, e a caixa automática de oito velocidades é suave e rápida para um estilo de condução mais relaxado ou mais agressivo, respetivamente.
Nas poucas zonas de estrada seca do trajeto em que foi possível ser mais «atrevido», percebi que a subviragem é moderada e que o Batur consegue sair das curvas com mais pressa. Ainda assim, sem sequer usar o modo Dinâmico do controlo de estabilidade, sob pena de ter a Bentley como um credor vitalício.
O sistema de travagem inclui discos de carboneto de silício — opcionais no GT Speed, agravando a fatura em cerca de 15 mil euros —, que potenciam a força de «mordida» ao mesmo tempo que tornam o pedal mais firme e são muito mais resistentes à fadiga causada pelo uso intensivo. Além disso, esta solução também contribuiu para uma redução de peso em cerca de 33 kg.
Quanto custa?
Apenas 18 exemplares do Bentley Mulliner Batur vão ser construídos e a exclusividade paga-se. O preço é de 2,5 milhões de euros, mas é preciso adicionar o custo da personalização extrema que, certamente, este grupo exclusivo de clientes vai querer.
Veredito
Bentley Mulliner Batur
Primeiras impressões
Prós
- Exclusividade assegurada
- Comportamento eficaz e confortável
- Prestações
Contras
- Preço
- Semelhanças com instrumentos da Audi
- 18 unidades já têm dono
Especificações técnicas
Bentley Mulliner Batur | |
---|---|
Motor (gasolina) | |
Arquitetura | 12 cilindros em W |
Posicionamento | Dianteiro, longitudinal |
Capacidade | 5952 cm3 |
Distribuição | 2 a.c.c., 4 válv./cil., 48 válv. |
Alimentação | Injeção direta, com turbo e intercooler |
Potência | 750 cv às 7500 rpm |
Binário | 1000 Nm entre as 1750-5000 rpm |
Transmissão | |
Tração | Integral, permanente |
Caixa de velocidades | Automática de 8 velocidades e dupla embraiagem |
Chassis | |
Suspensão | FR: Independente, triângulos sobrepostos TR: Independente, multibraços |
Travões | FR/TR: Discos carbo-cerâmicos |
Direção | Assistência elétrica, eixo traseiro direcional |
Diâmetro de viragem | 11,2 m |
Dimensões e Capacidades | |
Comp. x Larg. x Alt. | 4902 mm x 1967 mm x 1390 mm |
Distância entre eixos | 2851 mm |
Capacidade da mala | 358 litros |
Capacidade do depósito | 90 litros |
Peso | 2233 kg |
Pneus | FR: 275/35 R22 TR: 315/30 R22 |
Prestações e consumos | |
Velocidade máxima | 337 km/h |
0-100 km/h | 3,4s |
Consumo combinado | n.d. |
Emissões CO2 | n.d. |
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Ao volante do Bentley mais potente e rápido de sempre
Só serão produzidos 18 Bentley Batur e já estão todos vendidos, mas tivemos oportunidade de conduzir uma das unidades destinadas a testes.
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