Primeiro Contacto Novo Citroën C3 Aircross é o melhor negócio do segmento?

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Novo Citroën C3 Aircross é o melhor negócio do segmento?

O Citroën C3 Aircross cresceu em todos os sentidos e agora tem sete lugares e versões 100% elétricas. Mas o seu maior trunfo é outro: o preço.

Citroën C3 Aircross

Primeiras impressões

7/10

Data de comercialização: Fevereiro 2025

Espaço para sete ocupantes e preços de combate. É com esta fórmula que o Citroën C3 Aircross quer fazer frente ao Dacia Duster.

Prós

  • Preço
  • Gama de motorizações
  • Conforto

Contras

  • Ausência de consumos na instrumentação
  • Chave de ignição nas versões elétricas
  • Direção muito leve

Os carros novos estão cada vez mais caros. Mas ainda é possível comprar um SUV, com os equipamentos essenciais e com espaço para até sete ocupantes, por menos de 20 mil euros.

Disponível em Portugal com preços a partir de 19 290 euros, o novo Citroën C3 Aircross é um concorrente direto do Dacia Duster e promete ser um osso duro de roer.

Fomos conduzi-lo em primeira mão a Barcelona, em Espanha, e perceber até que ponto foi necessário fazer cedências para chegar a este preço de combate. Ora veja:

Segredo está na plataforma

Para ficar abaixo da barreira dos 20 000 euros, foi fundamental o novo Citroën C3 Aircross recorrer à nova plataforma global Smart Car da Stellantis, que foi otimizada com a ajuda da indiana Tata.

Esta plataforma, que também serve de base ao novo Citroën C3, Opel Frontera e FIAT Grande Panda, permite aceder a uma gama de motorizações multienergias e permite uma grande versatilidade de configurações.

Citroen-ë-C3-Aircross traseira
© Citroën As versões 100% elétricas do C3 Aircross apenas estão disponíveis com uma configuração de 5 lugares.

Basta ver que o C3 Aircross é 38 cm mais comprido do que o Citroën C3, o que lhe permite oferecer — de forma opcional e por mais 700 euros — uma configuração de sete lugares.

Durante esta apresentação internacional do modelonão estavam disponíveis para teste versões de sete lugares. Porém, e como pode verificar no vídeo que surge em destaque, fiquei satisfeito com o espaço das variantes de cinco lugares, sobretudo ao nível dos bancos traseiros.

Influências «Olinianas»

Perdoem-me este trocadilho com o nome do Citroën Oli, um protótipo que tivemos oportunidade de conduzir em 2022 e que vem, aos poucos, a influenciar a imagem de todos os novos modelos da marca francesa.

A dianteira vertical, com o novo logótipo da Citroën e com a nova assinatura luminosa em «C», é um excelente exemplo disso, mas está longe de ser o único: os para-choques proeminentes, as cavas das rodas com proteções em plástico salientes e as linhas retilíneas também contribuem muito para o aspeto robusto deste SUV.

As influências do Oli também se fazem notar no interior, que é pautado pela simplicidade. À imagem do que a Dacia já vem fazendo (e muito bem) à vários anos, a Citroën centrou-se no que é essencial para a grande maioria dos condutores e essa preocupação fica visível desde o primeiro momento em que nos sentamos no interior do C3 Aircross.

Os plásticos de toque duro estão um pouco por todo o lado, é certo, mas a montagem é sólida e inspira confiança. Além disso, são compensados por tecidos feitos de materiais reciclados, que ajudam a elevar a perceção geral de qualidade.

Não falta sequer um ecrã tátil de 10,25” (disponível desde o nível de equipamento Plus), ar condicionado automático, câmera de estacionamento traseira e integração sem fios com Android Auto e Apple CarPlay.

Citroen-ë-C3-Aircross instrumentação
© Citroën Nas versões elétricas a instrumentação não mostra os consumos que estamos a fazer em tempo real. Contudo, isso será corrigido dentro de poucos meses através de uma atualização.

Além disso, está sempre disponível um head-up display projetado no topo do tabliê que substitui o painel de instrumentos convencional.

E claro, é importante não esquecer o vasto leque de ajudas à condução disponíveis de série, tais como alerta de atenção do condutor, reconhecimento de limites de velocidades, alerta de manutenção em faixa e cruise control com limitador.

Versões para (quase) todos

A visão da Citroën para os próximos anos passa por uma abordagem multienergia e isso fica evidente no novo C3 Aircross, que está disponível com três motorizações distintas.

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A entrada na gama faz-se com uma motorização 1.2 Turbo de três cilindros com 100 cv e caixa manual de seis velocidades, sem qualquer tipo de eletrificação.

Acima desta surge uma versão híbrida, que junta um motor 1.2 Puretech com 136 cv a um sistema mild-hybrid de 48 V, a um motor elétrico de 21 kW (28 cv) — integrado na caixa de velocidades e-DCT — e a uma pequena bateria com 0,89 kWh de capacidade.

Citroen-ë-C3-Aircross perfil
© Citroën

Por fim, a maior novidade no novo C3 Aircross é a estreia de uma motorização 100% elétrica, que recorre à mesma solução técnica que conhecemos do ë-C3. Ou seja, conta com um motor elétrico de 83 kW (113 cv) e com uma bateria LFP de 44 kWh, para uma autonomia máxima de até 306 km.

Foi precisamente esta a versão que tive oportunidade de conduzir nos arredores de Barcelona e não foram precisos muitos quilómetros para perceber que não muda muito para o ë-C3 que conduzi há uns meses, na Áustria:

Conforto é prioridade

Desde os primeiros quilómetros que percebemos que o conforto foi uma das prioridades dos engenheiros franceses no desenvolvimento deste modelo, que recorre ao conhecido sistema da marca da suspensão com duplo batente hidráulico, que ajuda a limitar os movimentos verticais da carroçaria e melhoram de forma significativa o pisar em estrada.

É certo que a direção é leve e algo vaga, o que provavelmente não irá agradar a quem procure uma proposta mais dinâmica. Mas se aquilo que procura é conforto, então este é o SUV.

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A simplicidade da estética exterior e do habitáculo tem réplica na própria utilização, também ela muito descomplicada. Não espere acelerações vertiginosas, para isso existem outros elétricos.

Mas em ambientes urbanos, onde este elétrico e esta autonomia mais fazem sentido, pode contar com um modelo ágil e muito fácil de conduzir.

E já que falamos de autonomia, durante este primeiro contacto tive alguma dificuldade em manter ritmos que me permitissem ficar dentro dos valores de autonomia anunciada pela marca.

Citroen-ë-C3-Aircross
© Citroën A suspensão com duplos batentes hidráulicos, os bancos com uma espuma especial e os pneus de perfil mais alto fazem deste um dos modelos mais confortáveis do segmento.

Contudo, para saber os consumos que estamos a fazer é preciso recorrer a papel, caneta e uma calculadora. Pelo menos até a marca francesa lançar a atualização que permitirá ver os consumos em tempo real na instrumentação digital, o que deverá acontecer nos próximos meses.

Escolha racional

Independentemente da versão escolhida, há uma palavra que impera: racionalidade. Qualquer que seja a motorização, qualquer que seja o nível de equipamento, o C3 Aircross oferece sempre uma das melhores relações qualidade/preço do segmento.

E por falar em preço, aqui fica a tabela para Portugal:

CITROËN C3 AIRCROSSPREÇOS
1.2 Turbo 19 290 €
Hybrid 13624 890 €
Elétrico26 490 €

No caso das empresas e dos empresários em nome individual, as benesses fiscais fazem da versão elétrica a única que faz sentido escolher. Já no caso dos clientes particulares, tudo depende do tipo de utilização e da possibilidade de carregarem em casa ou no trabalho.

Se o conseguir fazer, os custos de utilização da versão elétrica são imbatíveis. Caso tenha de carregar na rede pública, então vou ser amigo e poupar-lhe uma enorme dor de cabeça ao dizer: “não compre elétrico”.

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Assim, é o preço da versão 1.2 Turbo que salta imediatamente à vista, sobretudo se aquilo que procura é espaço. Porque por mais 700 euros tem acesso a um SUV com capacidade para sete pessoas, um argumento que certamente ajudará o C3 Aircross a triunfar em Portugal.

Veredito

Citroën C3 Aircross

Primeiras impressões

7/10
Simples, versátil e com um preço canhão. Os argumentos do novo Citroën C3 Aircross estão muito bem definidos e estão alinhados com aquilo que o mercado português (de particulares) costuma valorizar. Disponível pela primeira vez com sete lugares e com versões 100% elétricas, este novo SUV francês respeita o ADN da marca e destaca-se pelo conforto que oferece.

Data de comercialização: Fevereiro 2025

Prós

  • Preço
  • Gama de motorizações
  • Conforto

Contras

  • Ausência de consumos na instrumentação
  • Chave de ignição nas versões elétricas
  • Direção muito leve