Metade do preço são impostos. Já conduzimos o novo Ford Bronco

Ford Bronco é um todo o terreno à prova de tudo exceto a fiscalidade portuguesa

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O Ford Bronco chega finalmente à Europa e a este cantinho de terra à beira mar plantado. Podia ser mais um SUV, mas o Bronco faz jus às suas origens e assume-se como um verdadeiro todo o terreno: o chassis é de longarinas, o eixo traseiro é rígido e nem faltam as «altas e baixas».

Quase tudo no Bronco evoca o modelo original, lançado no distante ano de 1965: desde o estilo exterior, às capacidades fora de estrada e até o «alvo a abater» que ainda ostenta a marca Jeep.

Neste primeiro contacto em vídeo, por terras lusas — explorando as imediações da Aldeia do Meco —, o Guilherme Costa dá-nos a conhecer o exterior, o interior, a experiência de condução, tanto sobre o asfalto como fora dele e dá conta da perplexidade do preço.

Preço absurdo

E temos de começar precisamente pelo preço. O Ford Bronco que testámos é a versão Outer Banks, a mais acessível, mas esta ascende a absurdos 130 552 euros (sem contar com os opcionais).

Dizemos absurdos, pois aqui ao lado, em Espanha, o mesmo modelo fica por 86 900 euros, ou seja, quase 44 mil euros de diferença. A diferença é abissal.

Sejamos honestos, mesmo que em Portugal custasse o mesmo que em Espanha não o poderíamos chamar de barato, mas a diferença de preço constatada daria para comprar dois utilitários… ou comprar meia casa.

A razão desta diferença brutal? Claro, a nossa fiscalidade. Só para o ISV (Imposto Sobre Veículos), são pouco mais de 41 mil euros, ao qual ainda temos de somar o IVA (23%) sobre o ISV e o preço base (pouco mais de 61 mil euros). O IUC também é arrasador: são 2694 cm³ e 326 g/km de CO₂, o que equivale a 964,27 euros (2024).

Este Ford Bronco não é, definitivamente, para todos. O seu arquirrival Jeep Wrangler tem aqui uma vantagem clara. Ao estar apenas disponível na versão 4xe (híbrida plug-in), vem equipada com um mais pequeno 2,0 l, muito menos penalizado pela fiscalidade.

Os preços começam nos 83 400 euros, enquanto o IUC fica-se por uns bem mais razoáveis 215,14 euros. E para deitar «sal na ferida» oferece ainda mais 45 cv de potência — 380 cv contra os 335 cv do Bronco… mas não nos estamos a queixar.

Que motor!

Pode perder 45 cv para o seu conterrâneo, mas o 2.7 V6 EcoBoost é uma das estrelas do Ford Bronco.

Sem contar com qualquer assistência de eletrões, os 335 cv e 563 Nm fazem pouco caso das quase 2,3 toneladas em ordem de marcha — apenas 6,7s dos 0 aos 100 km/h. A disponibilidade é sempre generosa, à distância de um moderado premir do pedal da direita.

E tem outro fator a seu favor na caixa de velocidades automática de 10 relações… Com tantas relações é difícil «apanhar» o V6 biturbo «fora de pé».

Além disso, este combo torna algo fácil a missão de conseguir consumos razoáveis, até melhores que os oficiais, sobretudo em estrada aberta. A Ford anuncia 13,7 l/100 km em ciclo combinado (WLTP), mas o Guilherme conseguiu fazer com alguma facilidade 12 litros e em autoestrada, à velocidade regulada, registos de nove litros foram possíveis.

Dificilmente o Ford Bronco ganhará um prémio de baixos consumos, mas tendo em conta a sua volumetria, massa e aerodinâmica de «tijolo», não poderíamos pedir mais ao potente V6.

Sente-se mais à vontade fora de estrada

Ao contrário dos SUV que enchem as nossas estradas, o Ford Bronco distingue-se por ser um verdadeiro todo o terreno, com soluções da «velha guarda», como um eixo rígido traseiro ou um chassis de longarinas.

Previsivelmente, o seu comportamento sobre o asfalto está longe de ser o mais competente e os pneus mistos que o equipam também não ajudam. Os limites de aderência aparecem cedo e por vezes até parece ter motor a mais para o chassis.

Apesar das soluções dinâmicas, não é desconfortável, mas a insonorização deixa algo a desejar, até quando comparado com o seu principal oponente, o Wrangler.

Tudo começa a fazer mais sentido quando saímos do asfalto. A versão que testámos, Outer Banks, não vem com bloqueio de diferenciais — será necessário optar pela versão Badlands —, mas mesmo assim, as capacidades do Ford Bronco estão muito acima da média.

Junte-se a versatilidade de poder remover portas e praticamente todo a parte superior, além de toda a panóplia de acessórios, e o Bronco pode ser o melhor companheiro para aventuras de fim de semana (ou até mais) longe da civilização.

Grande por fora, mas podia ser maior por dentro

Para essas aventuras fora de estrada, é bom saber que parece haver espaço para tudo, ainda que não tanto como as dimensões exteriores vastas deixariam adivinhar (4811 mm de comprimento, 1928 mm de largura, 1852 mm de altura e 2950 mm entre os eixos).

Tem espaço atrás q.b. e mesmo os 504 l de bagageira, apesar de à partida parecerem generosos, são algo curtos para um veículo tão vasto e… quadrado.

De resto, o interior prima pela abundância de plásticos rijos, mas por outro lado, somos brindados com uma generosa oferta de equipamento — como a compensar o elevado preço —, oferecendo até luxos como bancos e volante aquecidos.