Primeiro Contacto O Avenger está mais Jeep que nunca mas tem uma limitação

Desde 34 237 euros

O Avenger está mais Jeep que nunca mas tem uma limitação

O Jeep Avenger 4xe recebeu tração integral com a adição de um motor elétrico e uma atitude mais TT para aventuras que vão além da gravilha.

Jeep Avenger 4xe Upland

Primeiras impressões

8/10

Data de comercialização: Abril 2025

Com a propulsão traseira elétrica, o Jeep Avenger 4xe surpreendeu fora do asfalto e… sobre o asfalto, mas a tração às quatro rodas nem sempre está disponível.

Prós

  • Design sedutor e mais “selvagem”
  • Aptidões moderadas para todo o terreno
  • Comportamento equilibrado
  • Preço acessível

Contras

  • Materiais/acabamentos simplistas
  • Consumo em condução desportiva
  • Espaço nos lugares traseiros
  • Sempre 4×2 acima de 90 km/h

Num momento em que a palavra de ordem é “hibridizar”, o Jeep Avenger 4xe adiciona uma versão de tração às quatro rodas à sua gama. Até agora, era apenas composta por motores a gasolina, um híbrido «suave» e um 100% elétrico.

Para este novo 4xe a solução encontrada foi adicionar um motor elétrico ao híbrido suave — mild-hybrid 48 V —, passando a ter dois motores elétricos e um motor de combustão. O primeiro está integrado na caixa automática de seis velocidades de dupla embraiagem, enquanto o segundo surge integrado no eixo traseiro. E os dois ajudam o motor de gasolina de três cilindros a andar mais e a gastar menos.

Além disso, este dá uma ajuda quando é necessário melhorar a capacidade de tração em terrenos acidentados e desníveis moderados com pouca (ou muito pouca) aderência — lama, gravilha, gelo, etc.

Por outras palavras, o Avenger ficou mais Jeep, mesmo sem qualquer veio de transmissão a unir os dois eixos.

Jeep Avenger 4Xe na estrada, traseira 3/4
© Jeep A versão 4Xe do Avenger adiciona diversas proteções para a carroçaria e um visual mais aventureiro.

Assim, e dependendo da versão deste 4xe híbrido 48 V — Upland, Overland e Northface Edition —, há diferenças para as versões mais urbanas. Por fora temos para-choques redesenhados com acabamento antirriscos, proteções em aço na parte inferior das secções dianteira e traseira, barras no tejadilho reforçadas, gancho de reboque e inserções na carroçaria em verde.

Por dentro temos um forro preto na zona interior do tejadilho e revestimentos dos assentos com tecidos anti-manchas e anti-lama, entre outros.

Liberdade para sair do asfalto

O Avenger 4xe tem mais 10 mm de altura ao solo (210 mm no total) para permitir uma maior liberdade de movimentos em todo o terreno moderado. Um valor que deixa este Jeep bem mais habilitado para essas andanças que os rivais como o Toyota Yaris Cross Hybrid (170 mm) ou o Suzuki Vitara Hybrid (175 mm)

Para essa maior apetência contribui igualmente a suspensão traseira independente, com uma configuração multibraços. Em comparação com o eixo de torção dos restantes Avenger, permite uma mais ampla articulação dos eixos e também cria espaço para a instalação do motor elétrico traseiro.

O motor a gasolina turbo de 1,2 litros e três cilindros rende um máximo de 136 cv e é auxiliado na sua missão pelos já mencionados dois motores elétricos de igual potência (21 kW ou 29 cv), mas com uma dose de binário diferente (55 Nm à frente e 88 Nm atrás), um sobre cada eixo.

Jeep Avenger 4Xe na lama
© Jeep A distância ao solo aumentou 10 mm ( 210 mm) e melhorou ligeiramente os ângulos todo o terreno: ataque é de 22º (20º nos Avenger tração dianteira); ventral é de 21º (20º); e saída é de 35º (34º). A capacidade de vau também melhorou: 40 cm contra 23 cm dos Avenger de duas rodas motrizes.

A potência máxima combinada dos três motores é de 145 cv — exatamente como no Junior Ibrida Q4 — e trabalha em conjunto com a já mencionada caixa automática, que pode também ser controlada através das patilhas localizadas atrás do pequeno volante.

Bom nível de prestações

A resposta do motor agrada por ser bastante viva desde os regimes mais baixos, graças à propulsão elétrica que é sempre instantânea. A velocidade máxima declarada de 194 km/h e os 9,5s necessários para acelerar dos 0 aos 100 km/h são registos que comprovam que o Avenger 4xe é rápido q.b., superando os referidos dois rivais asiáticos em qualquer um dos exercícios.

Se o condutor optar por utilizar as patilhas atrás do volante, corre o risco de elevar demasiado o regime do motor, o que irá gerar um ruído menos refinado dos três cilindros, enquanto também faz disparar os consumos.

A Jeep anuncia 5,4 l/100 km, mas neste teste de 64 km ficámos muito acima dessa média. Tal deveu-se, sobretudo, ao facto de ter sido um trajeto de subida de uma montanha, até à pista de todo o terreno.

Tração às quatro só até 90 km/h

O condutor tem à sua disposição quatro modos de condução (Auto, Sport, Mud/Sand e Snow), selecionáveis através do comando colocado na consola entre os assentos dianteiros.

Jeep Avenger 4Xe sobre graivilha, 3/4 de traseira
© Jeep Existe uma função de controlo de velocidade em descidas de forte pendente (HDC), que oscila entre os 7 km/h e os 5 km/h. Neste último caso, quando selecionamos o botão Neutral na transmissão com o botão HDC ligado.

O sistema tem algumas particularidades, como o facto de, independentemente do modo escolhido, acima dos 90 km/h só termos tração dianteira.

Nos modos de condução mais dedicados aos percursos fora de estrada — Lama/Areia e Neve —, o Avenger 4xe tem tração integral permanente até aos 30 km/h. Dos 30 km/h a 90 km/h o sistema 4×4 só é ativado em caso de necessidade — quando deteta perda de motricidade nas rodas dianteiras —, tal e qual acontece no modo Auto.

Em Sport, os três motores dão o máximo para potenciar a resposta de aceleração até aos 40 km/h e acima dessa velocidade, o Avenger 4xe também passa a ser apenas de tração dianteira.

Nos modos específicos para condução fora do asfalto existem também afinações diferentes para os sistemas de controlo de tração e de estabilidade, com o objetivo de evitar que a mais leve derrapagem seja imediatamente corrigida com intervenções eletrónicas.

Modos de condução específicos

Um dos aspetos mais positivos deste sistema de quatro rodas motrizes (em part-time) é que permite sair de terrenos muito desafiantes, mesmo que as rodas dianteiras não tenham qualquer aderência e a pequena bateria esteja vazia.

Isto acontece porque o motor elétrico traseiro pode receber sempre energia, já que o motor dianteiro passa a servir também como gerador.

Jeep Avenger 4Xe na estrada de frente
© Jeep Na versão 4Xe, o Jeep Avenger recebe proteções inferiores em ambos os para-choques e uma decoração específica.

Os engenheiros da Jeep explicam que o carro pode suportar inclinações até 40% em terrenos difíceis e manter até 20% de tração quando o eixo dianteiro tem pouca ou nenhuma aderência.

Mesmo sem termos verificado essas percentagens precisas, foi possível comprovar, no trajeto fora de estrada, que o Avenger 4xe consegue superar todo e qualquer obstáculo mais moderado que lhe apareça pela frente.

O ponto menos positivo do sistema é que o Jeep Avenger 4xe nunca tem quatro rodas motrizes acima dos 90 km/h, o que significa que não dispõe de segurança acrescida quando, por exemplo, em vias rápidas o piso se encontra molhado.

Em asfalto, entre Auto e Sport há também uma variação na resposta do pedal do acelerador e no «peso» da direção — mais forte e «pesada», respetivamente, em Sport —, que se notam em ambos os casos. Sendo que esta transição demora cerca de dois segundos a ser ativada ou desativada, depois de selecionado o botão respetivo — é uma lentidão transversal a todos os modelos da Stellantis.

O compromisso entre estabilidade e conforto deve ser louvado — a unidade que conduzimos estava equipada com um conjunto de pneus/jantes na medida de 215/60 R17 — e a adoção da já referida nova suspensão traseira resulta numa maior capacidade de absorção de irregularidades, especialmente para quem viaja nos bancos traseiros. O pedal do travão revelou-se um pouco esponjoso no início do seu curso.

Por dentro, pouco muda

O tabliê do Avenger 4xe tem o mesmo desenho minimalista que conhecemos nos restantes. Há botões (Parking, Rear, Neutral, Drive) a substituir qualquer tipo de alavanca da transmissão e, felizmente e atendendo ao que é exigido de uma marca que valoriza a funcionalidade, são usados botões convencionais para as funções de climatização.

Os revestimentos são todos de toque duro, mas não ferem a filosofia do veículo, existindo depois inserções — coloridas ou o logótipo 4xe — que variam em número e em cor, consoante as versões.

Outros detalhes denunciam que os custos foram muito controlados, como a zona de iluminação junto ao retrovisor central cujo acabamento deixa a desejar, as cabeças de parafusos visíveis e a inexistência de qualquer revestimento nas bolsas das portas ou porta-luvas.

Tanto a instrumentação como o ecrã central dispõem de uma diagonal de 10,25” e tanto os gráficos como o software do sistema de infoentretenimento exigem pouco tempo para que o utilizador se familiarize a eles, revelando uma lógica intuitiva e gráficos nítidos.

Ainda assim, a indicação de “consumo médio” na instrumentação não faz muito sentido quando nesse mesmo menu aparece também o tempo — em percentagem — que a locomoção do carro foi efetuada em modo 100% elétrico. A integração/ligação sem fios Apple CarPlay e Android Auto também é de série.

Espaço suficiente

O Jeep Avenger não tem no espaço disponível um dos seus argumentos, mas mesmo assim, quatro adultos de 1,80 m de altura podem viajar com espaço suficiente.

Um terceiro passageiro central — lugar mais duro e estreito — ficará bastante mais apertado, algo normal neste segmento. A intrusão no piso pelo menos é relativamente baixa e estreita e os assentos traseiros são mais altos do que os da frente, permitindo criar um efeito de anfiteatro.

A bagageira não é grande, ficando-se pelos 325 litros — menos 55 litros do que nos restantes Avenger —, devido ao motor elétrico instalado sobre o eixo traseiro. Mas é maior, ainda que marginalmente, do que as malas do Toyota Yaris Cross Hybrid (320 l) e do Suzuki Vitara Hybrid (289 l).

Descubra o seu próximo automóvel:

Preço e rivais

O Jeep Avenger 4xe, na versão de acesso (Upland) tem um preço base de 34 237 euros, o que são cerca de 3000 euros mais do que o Suzuki Vitara 4WD Mild-hybrid, mas quase 5000 euros a menos que o «primo» italiano Junior Ibrida Q4.

Acima do Upland, temos a Overland, mais equipada, com um valor base de 36 237 euros. No topo da escolha está a edição limitada desenvolvida em parceria com a North Face e que terá apenas 4806 unidades disponíveis, numa referência à altitude do Monte Branco, a maior montanha da Europa. Neste caso, o preço começa nos 40 237 euros.

Veredito

Jeep Avenger 4xe Upland

Primeiras impressões

8/10
O Jeep Avenger 4xe melhorou as aptidões para o todo o terreno e a nova suspensão traseira independente também eleva o comportamento em estrada. As quatro rodas motrizes, no entanto, só existem até aos 90 km/h. O interior não é muito generoso na oferta de espaço atrás, a bagageira é razoável, mas notam-se as “poupanças” feitas pela simplicidade de materiais usados e com acabamentos a condizer.

Data de comercialização: Abril 2025

Prós

  • Design sedutor e mais “selvagem”
  • Aptidões moderadas para todo o terreno
  • Comportamento equilibrado
  • Preço acessível

Contras

  • Materiais/acabamentos simplistas
  • Consumo em condução desportiva
  • Espaço nos lugares traseiros
  • Sempre 4×2 acima de 90 km/h

Especificações técnicas

Jeep Avenger 4Xe Upland
Motor (gasolina)
Arquitetura3 cilindros em linha
PosicionamentoDianteiro, transversal
Capacidade1199 cm3
DistribuiçãoDOHC/12 válv.
AlimentaçãoInj. direta, com turbo de geometria variável
Potência136 cv às 5500 rpm
Binário230 Nm a partir das 1750 rpm
Motor (elétrico)Dianteiro
Potência21 kW (29 cv)
Binário55 Nm
Motor (elétrico)Traseiro
Potência21 kW (29 cv)
Binário88 Nm
Rendimento total combinado145 cv
BateriaIões de lítio
Capacidade0,9 kWh (0,4 kWh utilizáveis)
Transmissão
TraçãoQuatro rodas motrizes;
Dianteira acima dos 90 km/h
Caixa de velocidadesAutomática (dupla embraiagem) de 6 rel.
Chassis
SuspensãoFR: Independente, tipo MacPherson;
TR: Independente, multibraços
TravõesFR: Discos ventilados;
TR: Discos
DireçãoAssistência elétrica
Altura ao solo210 mm
Diâmetro de viragem10,5 m
Voltas ao volante2,7
Dimensões e Capacidades
Comp. x Larg. x Alt.4084 mm x 1776 mm x 1541 mm
Distância entre eixos2563 mm
Capacidade da mala325 litros
Capacidade do depósito44 litros
Pneus215/60 R17
Peso1455 kg
Prestações e consumos
Velocidade máxima194 km/h
0-100 km/h9,5s
Consumo5,4 l/100 km
Emissões CO2121 g/km