Leapmotor C10 tem no preço a resposta a muitas perguntas

Um bom preço é suficiente para convencer? É um bom começo e no caso deste Leapmotor C10, não é o único argumento a favor.

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Depois de se afirmar no mercado chinês como uma das marcas com a maior taxa de crescimento, a Leapmotor começa agora a alargar horizontes, expandindo-se para quase todo o mundo. Para isso, conta com a ajuda da Stellantis, grupo com quem estabeleceu uma parceria no ano passado e que lhe permite o acesso a toda a rede de concessionários, pós-venda e até a algumas linhas de produção.

As duas ferramentas para esta «aventura» mais internacional são os Leapmotor T03 e C10, os dois modelos que tivemos oportunidade de conduzir no evento de lançamento da marca no mercado europeu. O T03 é o citadino, com pouco mais de 3,5 m de comprimento, mas o modelo que vê nas imagens é o C10, desenvolvido a pensar nas famílias.

Este SUV do segmento D soma 4,74 m de comprimento e 1,9 m de largura e uma generosa distância entre-eixos de 2,825 m. Esta área está ocupada pela (enorme e pesada) bateria, mas no C10 já conta com a tecnologia Cell-to-Chassis. Isto significa que a bateria passa a ser integrada na própria estrutura do veículo, ao invés de ter uma estrutura separada.

Por causa disso, é libertado algum do espaço que costuma ser ocupado por este componente, mas também é reforçada a rigidez estrutural de todo o conjunto, com benefícios no conforto e no comportamento dinâmico. Mas já lá vamos…

Visual de SUV

Ao contrário do T03, que inclui alguns elementos diferenciadores, o Leapmotor C10 conta com um visual mais convencional, quando comparado com outros SUV que temos visto chegar ao mercado provenientes daquele ponto do globo.

Tanto na secção dianteira como na traseira, o sistema de iluminação é composto por uma barra horizontal que liga as duas extremidades da carroçaria. Os para-choques contam com um desenho mais desportivo, especialmente na parte da frente e são complementados por jantes com 20’’ de diâmetro.

Os puxadores das portas são embutidos, sendo necessário premir uma extremidade para que seja possível puxar a do lado oposto. A tampa da bagageira, com abertura e fecho elétrico, inclui um discreto botão do lado direito da barra horizontal escura.

Na frente, debaixo do capô, está um segundo porta-bagagens, muito mais compacto, mas com capacidade para guardar os cabos de carregamento. No entanto, a sua abertura é feita apenas a partir do habitáculo.

Espaço? Muito

Depois de saber as medidas da carroçaria e da distância entre eixos não é difícil adivinhar que o espaço disponível a bordo é bastante amplo. Nos lugares dianteiros podemos adotar uma posição ao género da poltrona lá de casa e na segunda fila é mesmo possível cruzar as pernas sem parar de ler o jornal financeiro.

Mais atrás, a bagageira conta com uma volumetria mínima de 435 litros, ainda que, na realidade, pareça ser mais ampla. Mas se for necessário, as costas dos assentos traseiros podem ser rebatidas e aumentar o espaço disponível, da mesma forma que as costas dos assentos dianteiros também têm a capacidade de o fazer — o do condutor também —, transformando o habitáculo do C10 num verdadeiro lounge.

Para reforçar o ambiente, a Leapmotor investiu num sistema de som de qualidade mais elevada, desenvolvido pela própria marca. E para os maiores adeptos das noites de «disco», o sistema de iluminação ambiente pode reagir ao som da música, piscando e mudando de cor, cheio de entusiasmo. Até demais, talvez, mas esta é uma função que se pode desligar.

Em termos de estilo, o habitáculo do Leapmotor C10 prima pela simplicidade das linhas e peca pela ausência quase total de comandos físicos. Existem apenas os comandos dos vidros elétricos, com uma posição inversa à habitual — para trás fecham o vidro, para a frente abrem —, e alguns botões no volante, com funções que requerem mais habituação.

Mesmo em frente ao condutor, o ecrã de 10,25” que serve de painel de instrumentos faz parte do equipamento de série do Leapmotor C10. Numa posição mais central, o ecrã de 14,6” assume todo o protagonismo e concentra a quase totalidade das funções e configurações deste modelo.

Funcionalidades a rever

Tal como descobrimos no T03, mas de uma forma ainda mais complicada, a interface de utilizador precisa de ser melhorada, para simplificar o seu funcionamento. Além de serem muitos os sistemas e funções para configurar, os ecrãs nem sempre são os mais intuitivos. Mesmo para regular a direção da saída de ar da ventilação, é necessário recorrer ao ecrã central de comando tátil.

Para quem vai a conduzir, pode ser um verdadeiro pesadelo encontrar uma função, mesmo as relacionadas com a condução. Por exemplo, em autoestrada, tentei mudar o modo de condução para “Eco”, mas isso não foi possível, uma vez que estava ativa a função de “One Pedal Drive”.

Ao nível da conectividade, ainda não está disponível o Apple CarPlay nem o Android Auto. Mas, tal como referido por Tianshu Xin — CEO da Leapmotor International com quem tivemos oportunidade de conversar — tudo isso poderá fazer parte de uma atualização remota (OTA ou over-the-air) que será desenvolvida com base nas necessidades do mercado.

Suavidade e silêncio

Mesmo sem a presença de um sistema de suspensão pneumática — que iria certamente ter algum peso no preço final —, o Leapmotor C10 revelou uma enorme suavidade na condução. É certo que a maioria das estradas do trajeto efetuado tinham um piso praticamente sem irregularidades, mas deu para perceber que o habitáculo era um lugar sereno para viajar.

Numa vertente mais dinâmica, a tração traseira e os 218 cv de potência do motor elétrico, poderiam adicionar alguma emoção, mas, como sabemos, SUV de caráter familiar como o C10 não foram feitos a pensar nisso. E a meteorologia também não nos permitiu explorar essa vertente.

O tato do pedal de travão merece críticas menos elogiosas, pois requer alguma habituação pela pouca informação que transmite. Num momento está a regenerar energia, no outro a travar mais do que desejaríamos.

Gasto de energia otimizado

O desempenho do sistema elétrico revelou-se muito eficiente em termos de consumo. Oficialmente, a Leapmotor declara um valor combinado (WLTP) de 19,8 kWh/100 km. Combinado com os 69,9 kWh da bateria, o C10 anuncia 420 km de autonomia em ciclo combinado, que podem estender-se até aos 574 km em ciclo urbano.

No entanto e mesmo considerando as praticamente duas toneladas de peso, atravessando a tranquilidade das vilas italianas, em modo de trânsito, alternado com o de estradas com radares, os primeiros 50 km do percurso previsto resultaram numa média de 12 kWh/100 km.

Noutra parte do percurso, em autoestrada, com o programador de velocidade em torno dos 120 km/h e com o ar condicionado ligado, o valor de consumo chegou a alcançar os 20 kWh/100 km. No final, o valor indicado ficou nuns «confortáveis» 16,6 kWh/100 km.

Como curiosidade, o registo anterior ao que pude efetuar (com mais tempo de condução e distância percorrida) registava 14,8 kWh/100 km, o que é bastante bom face à dimensão e peso do Leapmotor C10. Resta agora esperar pela chegada do modelo para um teste em estradas nacionais e confirmar o apetite comedido deste SUV.

O preço é o maior trunfo?

A Leapmotor quer que o preço seja o principal cartão de visita da sua oferta. Parece ser o caso do SUV C10: o valor base é de apenas 36 400 euros para a versão menos equipada de duas disponíveis: Style e Design.

O valor é apenas indicativo uma vez que cada mercado terá de o ajustar de acordo com a sua fiscalidade. No caso de Portugal, os valores definitivos serão divulgados em breve.

Com estes preços em mente, o Leapmotor C10 fica num patamar de preço abaixo de propostas como o Tesla Model Y, BYD Seal U, Toyota bZ4X, Skoda Enyaq ou até de propostas do segmento abaixo.

Será suficiente para vingar no mercado? Veremos com a chegada das primeiras unidades no início do próximo ano.

Leapmotor C10
Motor
Motor	Um motor (traseiro)
Potência	160 kW (218 cv)
Binário	320 Nm
Transmissão
Tração	Traseira
Caixa de velocidades	Relação fixa única
Bateria
Tipo	Iões de lítio LFP
Capacidade	69,9 kWh
Carregamento
Pot. máxima em DC	83 kW
Pot. máxima em AC	6,6 kW
Chassis
Suspensão	FR: McPherson TR: Barra de torção
Travões	FR: Discos ventilados TR: Discos ventilados
Direção	Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
Dimensões e Capacidades
Comp. x Larg. x Alt.	4739 mm x 1900 mm x 1680 mm
Distância entre eixos	2825 mm
Capacidade da mala	435-1410 l
Pneus	FR/TR: 245/45 R20
Peso	1980 kg
Prestações e consumos
Velocidade máxima	170 km/h
0-100 km/h	7,5s
Consumo combinado	19,8 kWh/100 km
Autonomia (WLTP)	420 km (combinado); 574 km (cidade)