Lexus LBX
Primeiras impressões
Data de comercialização: Março 2024
Fui à procura de um Yaris Cross com outras vestes e descobri no LBX um concentrado de Lexus, até no preço.
Prós
- Refinamento geral
- Relação Conforto/Comportamento
- Consumos
Contras
- Preço
- Comandos hápticos no volante
- Habitabilidade e Visibilidade traseira
Foi um par de dias atípicos passados em Valência, Espanha, na apresentação internacional dinâmica do novo Lexus LBX.
Primeiro, apesar de estarmos em dezembro, os termómetros chegaram a marcar 28 ºC; depois, qualquer ideia pré-concebida que tivesse sobre o LBX estava errada. É muito mais que um Yaris Cross (com que partilha plataforma e mecânica) com outras roupagens.
Devia saber melhor que a Lexus não ia deixar os seus créditos por mãos alheias, mesmo tratando-se do seu modelo mais pequeno de sempre e também o mais acessível (ainda que acessível seja algo relativo). Para mais, o LBX foi concebido a pensar especialmente nos europeus.
Não vou perder muito tempo com grandes descrições sobre o exterior e interior do LBX. Já o fizemos durante a apresentação estática do modelo, onde o Miguel Dias explica tudo «tintim por tintim». Veja ou reveja:
Muitas modificações, para melhor
Apetece já saltar para a parte da condução, mas não o posso fazer sem referir antes algumas das modificações que os engenheiros da Lexus efetuaram na plataforma GA-B — partilhada com o Yaris Cross —, e que tanto impacto acabam por ter na apreciação dinâmica e geral do LBX.
Começo pelos reforços estruturais, onde destaco a nova travessa que une a base dos pilares A e dá à direção um novo ponto de fixação mais rígido.
As vias também foram alargadas em alguns centímetros — os 1,82 m de largura do LBX são superiores a várias propostas do segmento acima —, e as rodas são grandes, de 18″ (à exceção da versão base, que são de 17″).
Nem a posição de condução foi descurada: sentamo-nos mais baixos no LBX do que no Yaris Cross e a atenção ao detalhe é demonstrada em aspetos como o reposicionamento do manípulo da transmissão.
Apesar de estarmos bem sentados, a visibilidade traseira deixa a desejar, devido à combinação de um óculo traseiro pequeno e um pilar C muito largo.
Expectativas superadas
Como é que todas as modificações da Lexus se traduzem na prática? Não são precisos muitos metros ao volante do LBX para perceber que tiveram um impacto muito positivo.
O Lexus LBX distingue-se pela solidez de todo o conjunto e pelo refinamento acrescido, além de conseguir ser simultaneamente mais estável e ágil do que o seu «primo» da Toyota. Por vezes, até parece que estamos ao volante de uma proposta do segmento acima.
Destaco a ação da direção, que transmite grande confiança a quem conduz. A Lexus resistiu à tentação de a tornar excessivamente leve — como parece acontecer com tantos outros modelos —, o que só beneficia a percepção de precisão e solidez.
Contudo, foi na autoestrada onde o LBX mais surpreendeu, pois é um cenário onde os carros mais pequenos não costumam brilhar. É aqui que melhor «faz de conta» em ser um carro maior do que na realidade é.
Demonstrou ter uma estabilidade direcional muito boa — a largura generosa de vias certamente terá algo a ver com isso —, e o refinamento a bordo é elevado. De notar apenas algumas perturbações aerodinâmicas à volta dos retrovisores exteriores, mas o para-brisas acústico (disponível nas versões mais equipadas) faz toda a diferença.
Apesar de o amortecimento pender mais para o lado firme do espectro, o que se traduz em precisão e movimentos de carroçaria contidos, o nível de conforto do LBX não sai beliscado — mesmo tendo um simples eixo de torção atrás. Após mais de duas horas contínuas ao volante, saí do interior ainda bastante «fresco», o que também diz muito dos bancos (confortáveis e com bom suporte) que equipam este crossover.
Mecânica híbrida convence à exceção de dois detalhes
O crossover mais pequeno da Lexus convence ao volante, tendo na única motorização híbrida (não plug-in) uma boa parceira. Esta já é conhecida do Yaris Cross — motor a gasolina de três cilindros naturalmente aspirado de 1,5 l de capacidade combinado com um motor elétrico —, mas aqui entrega 136 cv (100 kW) ao invés de 116 cv.
Além da potência, também é novidade desta cadeia cinemática a bateria bipolar de hidretos metálicos de níquel de apenas 1 kWh, que além de ser mais leve e compacta, promete uma resposta mais rápida de carga e descarga.
A performance do conjunto é adequada (9,2s dos 0 aos 100 km/h) sem impressionar, mas tenho dois reparos a fazer em relação a este grupo motriz.
Futuro 100% elétrico Nova geração de elétricos da Lexus promete quase duas vezes mais autonomiaO primeiro, como não podia deixar de ser, é à e-CVT (transmissão de variação contínua). Apesar de estar cada vez melhor — nem damos por ela numa condução mais tranquila —, quando queremos mais do LBX, faz «disparar» as rotações do três cilindros e mantém-nas lá em cima, o que me leva ao segundo reparo.
Isto é, a sonoridade quando o motor «visita» esses regimes mais elevados, que simplesmente «invade» o habitáculo. Não que a sonoridade seja desagradável em si, mas tendo em conta o quão sossegado é o LBX em praticamente tudo o que faz, o contraste é apreciável.
Poupado, como seria de esperar
Se a e-CVT continua a estar longe de ser a minha transmissão favorita — mesmo tendo a unidade que conduzi patilhas atrás do volante e um modo “S” que permite simular uma caixa de seis relações —, contra factos não há argumentos: é a melhor opção para se obter consumos mais baixos.
Ainda que nestes primeiros contactos nem sempre os consumos obtidos sejam representativos — devido ao tipo de condução praticado ou extensão do teste —, consegui menos do que 5,5 l/100 km. Isto num percurso muito variado, desde a cidade à autoestrada, passando por estradas de montanha. Houve colegas que até conseguiram menos de cinco litros, coincidindo com os 4,8 l/100 km oficiais.
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Pode ser premium, mas não deixa de ser caro
O Lexus LBX já pode ser encomendado, mas as primeiras entregas só acontecem em março de 2024 — a versão base chega mais tarde, em junho. Os preços arrancam nos 34 950 euros.
Lexus LBX | Preços |
---|---|
Versão base | 34 950 € |
Elegant | 38 500 € |
Emotion | 41 500 € |
Relax | 44 000 € |
Cool | 44 350 € |
Cool + | 47 500 € |
O que se constata destes preços é que o novo degrau de acesso à Lexus está longe de ser acessível. Para mais há propostas concorrentes acabadas de chegar ao mercado, inclusive 100% elétricas, que acabam por oferecer mais por valores equivalentes.
Talvez o caso mais paradigmático seja o do Volvo EX30. Tal como o LBX, o EX30 é a primeira incursão da Volvo neste segmento, mas decidiu fazê-lo com uma proposta 100% elétrica. Tem preços a começar perto dos 38 mil euros, mas oferece o dobro da potência (272 cv) e uma performance muito superior.
Dificilmente o LBX conseguirá competir a esse nível, ainda que tenha outros argumentos a favor, como um interior com elevada qualidade (montagem e materiais), uma bagageira mais generosa (402 l), ou o facto de ser um híbrido que não precisa de perder tempo nenhum a carregar — abastecer será sempre mais rápido.
A Lexus espera que o LBX adicione aos seus números europeus 25 mil unidades por ano, o que promete dar à marca um crescimento significativo nas vendas em 2024. Em Portugal, a abertura das encomendas arrancou em novembro e a marca já registou mais de 50 reservas.
Veredito
Lexus LBX
Primeiras impressões
Data de comercialização: Março 2024
Prós
- Refinamento geral
- Relação Conforto/Comportamento
- Consumos
Contras
- Preço
- Comandos hápticos no volante
- Habitabilidade e Visibilidade traseira
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Lexus LBX. É muito mais que um Yaris Cross com outras roupagens
Recaem no Lexus LBX grandes esperanças para o crescimento da marca na Europa. Fomos a Valência conduzi-lo, mas já o pode encomendar em Portugal.
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