Primeiro Contacto SUV para quê? Testámos a nova Mercedes-Benz Classe E All-Terrain

Desde 77 300 euros

SUV para quê? Testámos a nova Mercedes-Benz Classe E All-Terrain

Os SUV não são a única opção para quem quer um estradista capaz de sujar as rodas. A nova Mercedes-Benz Classe E All-Terrain lembra-nos o motivo.

Mercedes-Benz Classe E All-Terrain

Primeiras impressões

Data de comercialização: Fevereiro 2024

Precisa de sair de estrada, mas não quer um SUV? “Não há problema”, diz a Mercedes-Benz.

Prós

  • Qualidade de rolamento
  • Interior
  • Atributos off-road

Contras

  • Tato do pedal do travão
  • Gama de motorizações limitada

A «febre» dos SUV está para durar, basta olhar para as tabelas de vendas na Europa e em Portugal. Mesmo assim, há quem continue a não «morrer de amores» por automóveis dessa tipologia. E quando digo «morrer de amores», estou a ser simpático.

Para essas pessoas, felizmente há outras formas de sair de estrada e sujar as rodas, com as pick-ups e os verdadeiros jipes logo à cabeça. Mas o meu «género» favorito são mesmo as carrinhas de «calças arregaçadas».

Sou um adepto confesso de carrinhas (quem já ouviu o Auto Rádio sabe do que falo) e ainda mais destas versões elevadas e com proteções em plástico. É fácil justificá-lo: sinto que cumprem tão bem quanto a maioria dos SUV fora de estrada (sem exageros, naturalmente), ao mesmo tempo que os batem aos pontos em termos de espaço e versatilidade.

Mercedes-Benz Classe E All-Terrain traseira
© Razão Automóvel Atrás, a All-Terrain partilha a mesma assinatura luminosa dos restantes Classe E, com duas estrelas em cada farolim

Não sou o único a pensar desta forma e, por isso, a Mercedes-Benz acaba de lançar uma nova geração da Classe E All-Terrain, que tive oportunidade de conduzir, de forma breve, nos arredores de Évora.

Fórmula «anti-SUV»

Face à carrinha Classe E «convencional», a variante All-Terrain — foi lançada pela primeira vez em 2017 — está equipada de série com a suspensão pneumática AIRMATIC de câmara simples que permite uma distância ao solo até 46 mm superior.

A somar a isso, conta (também de série) com o sistema de tração integral 4MATIC e com um programa dedicado “Off-road”, que otimiza a condução fora de estrada.

Além disso, está vestida a rigor, que é como quem diz, tem um visual bem mais aventureiro. A «culpa» é da grelha dianteira específica, com duas lamelas cromadas, e dos para-choques distintos, com uma proteção inferior em plástico (preto) que se prolonga até às cavas das rodas e às embaladeiras.

O resultado é uma proposta com um visual mais robusto e que não tem medo de se sujar. Aqui fica a prova:

Mercedes-Benz Classe E All-Terrain roda
© Razão Automóvel A Classe E All-Terrain conta de série com jantes de 18”. Opcionalmente estão disponíveis conjuntos com até 20″

No interior, além dos menus específicos para a condução fora de estrada e de funcionalidades como o «capô transparente», que permite ver o que está a acontecer por debaixo do eixo dianteiro (muito útil em caminhos mais difíceis), pouco ou nada muda para o Classe E que já conhecemos e apresentámos em vídeo:

Mesmo ao nível da bagageira não há qualquer diferença a registar para a Classe E Station. Com os bancos traseiros subidos, a capacidade de carga é de 615 litros e de 460 litros nas variantes híbridas plug-in. Com os bancos posteriores rebatidos, a capacidade cresce para os 1830 litros e para os 1675 litros, respetivamente.

É mais do que suficiente para as necessidades de uma família. E se forem como eu e quiserem andar constantemente com a bicicleta «às costas», isso também não será problema.

Vai onde os SUV vão

Com uma altura ao solo que ronda os 17,8 cm (na posição mais elevada), a Classe E All-Terrain não está assim tão longe do Mercedes-Benz GLC, por exemplo, que anuncia um máximo de 20,4 cm quando equipado com suspensão pneumática.

Por isso mesmo, arrisco a dizer que esta carrinha vai até onde um típico SUV consegue ir. Neste breve contacto em Évora, tive oportunidade de fazer um estradão em terra, com sulcos algo pronunciados e com uma travessia de um pequeno ribeiro, e a Classe E All-Terrain passou o teste sem problemas de maior.

Classe E All-Terrain
© Razão Automóvel À nossa frente, a marcar o passo, seguiu sempre um Mercedes-Benz GLC Coupé

Curiosamente, o «carro zero» desta atividade era um Mercedes-Benz GLC Coupé, que por ter esses centímetros a mais na distância ao solo conseguia fazer o percurso a velocidades um pouco mais elevadas.

É certo que com esta carrinha temos que estar mais alerta, para não batermos de forma mais brusca com a secção inferior do carro. Mas com cautela, é possível chegar aos mesmos sítios.

Suspensão pneumática é chave

Além de permitir uma maior altura ao solo, esta suspensão pneumática adaptativa brinda-nos com um enorme conforto, qualquer que seja a situação.

Capaz de ajustar de forma individual a suspensão de cada uma das rodas, torna a experiência fora de estrada um verdadeiro descanso. Mesmo nos terrenos em pior estado, sentimos que a suspensão nos está a poupar de muitos saltos e solavancos.

Já em estrada, nos poucos quilómetros que pude fazer, o conforto de rolamento é notável e está praticamente ao nível daquilo que temos numa Classe E Station equipada com o mesmo tipo de suspensão.

A única crítica que posso fazer, e que se estende quer à Classe E Station quer à All-Terrain, está relacionada com a calibração do pedal do travão, que a meu ver podia ter um tato mais orgânico e mais fácil de decifrar.

Classe E All-Terrain volante
© Razão Automóvel

Claramente orientada para o conforto, o acerto desta suspensão combina na perfeição com o perfil de estradista deste modelo, independentemente do cenário onde nos encontramos.

Em autoestrada, por exemplo, a velocidades iguais ou superiores a 120 km/h, e com o programa de condução COMFORT selecionado, a suspensão baixa automaticamente 15 mm, para melhorar a estabilidade, a resistência ao ar e os consumos.

Duas motorizações à escolha

Nesta fase de lançamento, a Mercedes-Benz Classe E All-Terrain está disponível apenas com duas motorizações, ambas com base no mesmo motor Diesel.

Mercedes-Benz Classe E All-Terrain farolins
© Razão Automóvel A unidade testada tinha uma pintura bicolor: Cinzento Verde (cor de série) e castanho terra…

Trata-se de um bloco de quatro cilindros com 2,0 l de capacidade que na E 220 d 4MATIC entrega 197 cv e 440 Nm, estando associado a um sistema mild-hybrid de 48 V que lhe dá — de forma momentânea — 17 kW (23 cv) de potência suplementar.

Já a variante E 300 de 4MATIC, que foi precisamente a que conduzi, combina este bloco Diesel a um motor elétrico com 95 kW (129 cv) e uma bateria com 19,5 kWh de capacidade útil, transformando-a numa proposta híbrida plug-in.

Tudo somado, temos à nossa disposição 313 cv de potência máxima combinada e 700 Nm de binário máximo, que são geridos por uma caixa automática com nove velocidades. Nesta pequena incursão que fiz por maus caminhos, mostrou ser muito competente.

Mercedes-Benz Classe E All-Terrain
© Razão Automóvel As proteções em plástico em ambas as extremidades dão a esta Classe E All-Terrain um visual mais aventureiro

Capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 6,7s e de atingir os 223 km/h de velocidade máxima, impressiona sobretudo pela disponibilidade que oferece, com os 700 Nm de binário máximo a revelarem-se sempre uma grande mais valia.

Infelizmente este primeiro contacto foi demasiado breve para tiramos conclusões acerca de consumos e autonomias, mas a marca germânica garante que é possível fazer até 97 km em modo 100% elétrico.

Porém, também tive oportunidade de conduzir a Classe E Station com a mesma motorização em autoestrada (apenas com duas rodas motrizes), a velocidades em torno dos 120 km/h e sempre com o ar condicionado ligado, e consegui fazer um consumo médio de 6 l/100 km.

É a primeira vez que a versão All-Terrain da carrinha Classe E equipa uma motorização híbrida plug-in. Sinceramente, assenta-lhe como uma luva. Isto porque esta opção permite acrescentar versatilidade a uma proposta que já era um autêntico camaleão.

Dito isto, mantém as qualidades de estradista das restantes carroçarias do Classe E, ao mesmo tempo que nos brinda com uma capacidade off-road que nos permite deixar o asfalto com confiança. Apesar dos quase cinco metros de comprimento (4,95 m) que exibe, é muito fácil de conduzir, o que ajuda em ambientes mais urbanos e menos campestres.

Quanto custa?

A nova Mercedes-Benz Classe E All-Terrain tem preços a começar nos 77 300 euros no nosso país para a versão E 220 d 4MATIC e nos 84 900 euros para a variante E 300 de 4MATIC.

Se olharmos para a principal concorrente, a Audi A6 Allroad, percebemos que este preço está em linha com o modelo da marca dos quatro anéis.

Mercedes-Benz Classe E All-Terrain tabliê
© Mercedes-Benz Elegante, tecnológico e com uma enorme perceção de qualidade. Interior dos novos Classe E convence a todos os níveis

Contudo, e tal como acontece com tantos outros modelos da Mercedes-Benz, é fácil fazer subir a conta à medida que vamos adicionando equipamentos opcionais: o MBUX Superscreen, por exemplo, custa 1850 euros; o sistema de som surround 4D da Burmester são mais 1450 euros.

Para mim, no entanto, a comparação que faz mais sentido é mesmo com os SUV. Um Mercedes-Benz GLC com uma motorização equivalente (220 d 4MATIC) arranca nos 77 050 euros — menos 250 euros — e o GLE mais acessível (300 d 4MATIC) começa nos 100 550 euros (mais 23 250 euros).

Isto leva-me a acreditar que a carrinha Mercedes-Benz Classe E All-Terrain tem um preço competitivo, até porque é, nesta fase, a melhor proposta do segmento. A Audi A6 Allroad já começa a acusar a idade e a Volvo V90 Cross Country já foi descontinuada.

A melhor alternativa aos SUV?

Apesar da sua indiscutível popularidade, os SUV nunca reuniram consenso e são muitos os que continuam a fazer-lhe frente.

Se for o seu caso e quiser uma alternativa que lhe permita sair de estrada, esta Mercedes-Benz Classe E All-Terrain parece-me ser uma das melhores opções disponíveis. Sem qualquer sombra de dúvida.

Mercedes-Benz Classe E All-Terrain perfil
© Razão Automóvel

Mantém o refinamento e o conforto que se exige a um modelo deste segmento. Dá continuidade à qualidade de rolamento das restantes versões do Classe E. E tem argumentos para sair do asfalto e sujar os pneus, desde que tenhamos consciência dos seus limites.

Tudo isto «embrulhado» num pacote muito elegante, bem construído e com materiais nobres. Além da oferta tecnológica, que está ao nível do melhor que a Mercedes-Benz tem atualmente para oferecer no seu catálogo.

Veredito

Mercedes-Benz Classe E All-Terrain

Primeiras impressões

A Mercedes-Benz Classe E All-Terrain é o melhor antídoto contra a «febre dos SUV». Tem mais espaço, um melhor comportamento dinâmico (por ser mais baixa) e é mais versátil. E fora de estrada vai até onde um GLC ou um GLE conseguem ir. Eu não teria dúvidas.

Data de comercialização: Fevereiro 2024

Prós

  • Qualidade de rolamento
  • Interior
  • Atributos off-road

Contras

  • Tato do pedal do travão
  • Gama de motorizações limitada