Gostar do Mercedes-Benz CLE Coupé é fácil. Exceto numa parte

Os coupés de quatro lugares ainda não morreram e este novo Mercedes-Benz CLE mostra que ainda os queremos conduzir.

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Na indústria automóvel de hoje assistimos ao desaparecimento de várias carroçarias que dão lugar às mais rentáveis de formato crossover e SUV. A Mercedes-Benz não é exceção, mas não as eliminou totalmente e condensou-as, não ignorando o facto de o cliente para elas continuar a existir.

Neste caso, a marca da estrela decidiu fundir a carroçaria coupé dos Classe C e Classe E, para dar origem ao novo Mercedes-Benz CLE, que já pode ser encomendado em Portugal.

O resultado é o maior coupé deste segmento — 4,85 m, marginalmente maior até do que o anterior E Coupé, igualando a largura e altura deste, com a distância entre eixos e vias a serem apenas 1 cm inferiores — onde vai encontrar os rivais do costume, ou seja, o Audi A5 e o BMW Série 4.

O design será sempre um dos argumentos mais importantes em qualquer coupé e o CLE não foge à regra. A começar pelo longo capô, seguindo com a limpa superfície dos painéis laterais da carroçaria e culminando na traseira marcada pelos largos e «musculados» ombros. É este o ângulo de observação mais apaixonante.

A dianteira, apesar do ameaçador «nariz de tubarão» e da grelha com um novo desenho tridimensional, acaba por ser a zona da carroçaria menos «ousada», principalmente quando vista totalmente de frente.

Interior familiar

Por fora, a familiariadade com a restante linha Mercedes é grande, e podemos afirmar o mesmo no seu interior. Apesar da designação CLE a aparência geral é herdada do Classe C e não a mais recente e moderna, estreada com o novo Classe E.

Em contrapartida, o infoentretenimento já é a terceira geração do sistema MBUX, com a nova arquitetura eletrónica. Graças a este «cérebro» mais potente, as possibilidades de conectividade, de transmissão de dados e de utilização de aplicações de terceiros (Tik Tok, Zoom, etc) crescem exponencialmente.

O sistema de comandos vocais também foi melhorado e, felizmente, deixa de ser preciso iniciar o «diálogo» com as palavras-gatilho “Hey Mercedes”.

Espaço abundante, mesmo sendo um coupé

Como consequência do aumento de dimensões exteriores, o habitáculo é mais amplo do que o do C Coupé e muito próximo do E Coupé, mas na segunda fila de assentos, há ainda mais espaço disponível.

Um passageiro com 1,80 m de altura pode sentar-se atrás sem tocar com a cabeça no teto, ainda que para tal tenha de chegar a bacia um pouco à frente, o que se faz bem porque o espaço disponível para as pernas assim o permite.

Não existem bolsas laterais atrás, nem nas costas dos bancos dianteiros e o acesso à segunda fila faz-se, pela primeira vez, não através de uma patilha para baixar as costas e avançar os bancos da frente, mas sim através de uma pega flexível em pele, na lateral do assento.

Não é um seis cilindros, mas performance convence

Sentado no lugar mais desejado do CLE, o impacto inicial é dado, desde logo, pelo volante. O aro é grosso e é de pequeno diâmetro — bastante desportivo, portanto —, e integra botões hápticos para várias funções, além das hastes da caixa automática de nove velocidades.

Nesta experiência de condução no norte de Espanha (entre Bilbau e San Sebastian) optei pela versão 300 4MATIC, uma vez que o 220 d me pareceu menos adequado ao pedigree do CLE, seja pela sonoridade ou pelas prestações.

Ao contrário do que a designação “300” sugere, por debaixo do capô não está — para grande pena minha — um seis cilindros, mas um mero quatro cilindros turbo de 2,0 l, com 258 cv, a gasolina.

A auxiliar o motor térmico está um sistema mild hybrid de 48 V, que consiste num pequeno motor elétrico (23 cv e 205 Nm) e uma pequena bateria que o alimenta. Não serve para conduzir em modo elétrico, mas permite arranques sem emissões e consegue dar um «empurrão» elétrico ao movimento do carro.

Já em movimento, a sonoridade do quatro cilindros deste CLE Coupé 300 não é tão gratificante como seria se fosse um seis cilindros, ouvindo-se menos frequências graves e sentindo-se mais esforço (também acústico) para entregar ao condutor aquilo que o seu pé direito lhe vai pedindo.

Apesar do motor estar longe de cativar, não se trata de um carro lento, longe disso. Até porque o binário máximo do motor de gasolina fica disponível às 2000 rpm e a ajuda do binário elétrico é determinante para boas retomas de velocidade.

Os 250 km/h de velocidade máxima e um sprint dos 0 aos 100 km/h em 6,2s confirmam que o CLE 300 4MATIC é bastante dinâmico. Menos convincente é o tato do pedal do travão, algo esponjoso.

Agilidade surpreende

A plataforma MRA2 (partilhada com os Classe C e Classe E) conta com três hipóteses de escolha para a suspensão. A primeira é a mais convencional, com molas em aço. A segunda, mais desportiva, reduz a altura em 15 mm e inclui um sistema hidráulico de amortecimento seletivo.

A terceira hipótese de escolha do Mercedes-Benz CLE Coupé — e que equipava todos os exemplares neste evento — é a que inclui amortecedores eletrónicos com amortecimento variável.

Neste último caso, sempre em conjunto com o eixo traseiro direcional, no qual as rodas traseiras viram até 2,5º, permitindo diminuir o diâmetro de viragem ou aumentar a estabilidade acima dos 80 km/h.

Esta terceira opção para a suspensão contribui, e muito, para melhorar a agilidade e condução desportiva.

Talvez por atualmente estar muito habituado a guiar automóveis com mais de 2,5 toneladas e com «pés de barro» — ou seja, elétricos com baterias pesadíssimas —, este CLE de 1855 kg parecia sempre «leve como uma pena» e ágil.

Ainda assim, isso não impede que as reservas de conforto sejam sempre bastante grandes, mesmo que estejamos a rodar no modo Sport.

A direção, que deriva da do Classe C/GLC, recebeu uma afinação mais direta — 2,1 voltas ao volante de topo a topo — e tem a capacidade de passar bastante informação sobre a forma como os pneus (245/35 R20 à frente e 275/30 R20 atrás) e a estrada se vão «relacionando».

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Gama e preços do Mercedes-Benz CLE Coupé

O CLE 300 4MATIC que conduzi está apenas disponível em Portugal por encomenda — o preço ascende aos 72 mil euros.

A gama nacional do coupé é definida, por enquanto, pelos CLE 200, CLE 220 d — motorizações pouco adequadas à imagem desportiva e estatutária do CLE —, e pelo mais desportivo Mercedes-AMG CLE 53 4MATIC+. Este último a contar com o seis cilindros que falta ao “300”.

Fique com todos os preços:

Versão	Preço
CLA 200	62 150 €
CLA 220 d	65 150 €
AMG CLA 53 4MATIC+	116 050 €

Mais tarde vão juntar-se outras versões, como a 450 4MATIC (com seis cilindros) e as híbridas plug-in. No entanto, estas últimas não vão poder ser combinadas com o futuro CLE Cabrio — que chega durante este ano —, uma vez que os componentes adicionais da capota não deixam espaço disponível para os do sistema híbrido.

Mercedes-Benz CLE Coupé 300 4Matic
Motor (gasolina)
Arquitetura	4 cilindros em linha
Posicionamento	Dianteiro, longitudinal
Capacidade	1999 cm3
Distribuição	2 a.c.c., 4 válv./cil., 16 válvulas
Alimentação	Injeção direta, com turbo e intercooler
Potência	258 cv / 5800 rpm
Binário	400 Nm entre 2000-3200 rpm
Transmissão
Tração	Integral 4Matic
Caixa de velocidades	Automática de 9 velocidades e dupla embraiagem
Chassis
Suspensão	FR: Independente, triângulos sobrepostos TR: Independente, multibraços
Travões	FR: Discos ventilados; TR: Discos
Direção	Assistência elétrica, eixo traseiro direcional
Diâmetro de viragem	11,7 m
Dimensões e Capacidades
Comp. x Larg. x Alt.	4850 mm x 1860 mm x 1428 mm
Distância entre eixos	2865 mm
Capacidade da mala	420 litros
Capacidade do depósito	66 litros
Peso	1855 kg
Pneus	FR: 245/35 R20 TR: 275/35 R20
Prestações e consumos
Velocidade máxima	250 km/h
0-100 km/h	6,2s
Consumo combinado	7,0-7,6 l/100 km
Emissões CO2	159-173 g/km