Polestar 3 Long Range Dual Drive Performance
Primeiras impressões
À terceira é de vez? Não faltam atributos ao Polestar 3, mas a concorrência alemã não dá tréguas.
Prós
- Design inspirado;
- Comportamento equilibrado/eficaz;
- Espaço interior.
Contras
- Materiais de qualidade mediana;
- Painel de bordo simplista/sem comandos físicos;
- Bagageira pequena.
Desde que a Polestar se tornou independente da Volvo, há sete anos, que os resultados não têm sido brilhantes, porém o construtor mantém-se confiante sobre o seu futuro. O Polestar 3 é, talvez, o modelo que poderá contrariar o rumo dos últimos tempos.
No entanto, o lançamento do SUV 100% elétrico não podia ter sido menos pacífico. Ao partilhar com o «primo» Volvo EX90 quase tudo, também viu o seu lançamento ser adiado vários meses, devido a problemas de software.
Agora está pronto para enfrentar um segmento concorrido. À pergunta sobre quem são os principais rivais que este SUV elétrico tem em vista, a resposta dos executivos da marca está na ponta da língua: “Porsche Cayenne, BMW iX, Audi Q8 e-tron e Mercedes-Benz EQE SUV“.
Estará à altura?
Não é um desafio fácil. Pela frente tem propostas com elevadas competências dinâmicas (Cayenne, apesar de não ter ainda versão 100% elétrica, previsto para 2026) e outras mais aspiracionais (os restantes), mas é esta a ambição da Polestar.
Para dar substância a tão ambicioso objetivo, os engenheiros escandinavos equiparam o Polestar 3 com duas embraiagens no eixo traseiro que permitem uma vetorização de binário real — não é simulado por intervenções seletivas do sistema de travagem.
O objetivo deste sistema? Fazer com que a traseira do SUV ajude nas trajetórias em curva, incentivando a rotação sobre o seu próprio eixo e contribuindo para melhorar a aderência, tração… e diversão.
Outra demonstração de que este SUV elétrico está bem «apetrechado» em termos técnicos, é o facto do chassis da versão que testámos (Performance), usar uma suspensão pneumática de duas câmaras com amortecimento adaptativo eletrónico de série.
Sendo o 3 Performance, também somos brindados com um rendimento de 380 kW (517 cv) e um binário de 910 Nm, em vez dos 360 kW (489 cv) e 840 Nm da versão sem este «aditivo».
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Mais pequeno que o EX90
Apesar de partilhar a mesma plataforma SPA2 com o EX90, o Polestar 3 é mais curto (-13 cm) e baixo (-13 cm) que este, partilhando, no entanto, a mesma distância entre eixos (2,985 m).
A diferença no comprimento é justificafa pela ausência de uma terceira fila de bancos, já a altura (muito) inferior, permite dar a este modelo proporções que se afastam da imagem mais formal do Volvo, tendo um aspeto bem mais dinâmico.
Altos e baixos do interior
A distância entre-eixos de quase três metros ajuda, no entanto, a explicar o generoso espaço para pernas na segunda fila de assentos.
O facto de não existir a intrusão de um túnel a meio do habitáculo, contribui para que os passageiros traseiros possam viajar com maior comodidade e liberdade de movimentos.
Também a altura do habitáculo surpreende (até pela altura exterior mais reduzida), se não tivermos em conta que os assentos traseiros são mais baixos do que o habitual. O efeito de anfiteatro que encontramos já em muitos automóveis (segunda fila mais alta que a primeira) não está presente no Polestar 3.
À frente os bancos têm apoio lateral suficiente, ajudando a suster o movimento dos corpos dos ocupantes, sem os «amarrarem». O comando quadrado (na face lateral dos assentos), para ajustar eletricamente as posições, é deliciosamente intuitivo. Isto transforma o manuseamento destes comandos numa operação quase viciante.
Entre os dois bancos existe uma consola profunda onde se podem guardar objetos, dois apoios para copos, bandeja de carregamento sem fios do telemóvel e entradas USB.
A capacidade da bagageira, por outro lado, é um dos pontos negativos, não indo além dos 484 litros já contando com o espaço debaixo do piso. Um valor que fica abaixo do bem mais pequeno BMW iX1 (500 l) e também é inferior ao dos seus concorrentes, como o Mercedes-Benz EQE SUV (520 l) e Audi Q8 e-tron (631 l). Para compensar existe uma frunk (bagageira dianteira) de 32 litros, onde é possível, por exemplo, guardar os cabos de carregamento da bateria.
No lugar do condutor o volante é de pequeno diâmetro e dispõe de alguns botões capacitivos (sensíveis ao toque), mas sente-se a falta da regulação de distância do Cruise Control Adaptativo e do volume do sistema de áudio.
O volume de som é ajustado pelo único comando físico abaixo do ecrã central, o que significa que tudo o resto tem de ser procurado em menus e submenus, o que está longe de agradar a quem tem de se concentrar na estrada.
Ajuda o facto de os botões virtuais, destinados às funções principais, serem tão grandes que se conseguem selecionar facilmente durante a condução, sem distrair demasiado.
Já os retrovisores exteriores e o volante, só podem ser ajustados através do ecrã táctil central, sendo uma das particularidades da Polestar. No entanto, as definições de posição podem ser salvas no perfil do condutor, o que permite poupar tempo e facilitar este processo.
Tecnologia e qualidade
No ecrã central percebe-se que a Polestar criou gráficos específicos para se diferenciar da Volvo, usando também o intuitivo sistema Android Auto, que os construtores escandinavos foram os primeiros a adotar nos seus automóveis a nível mundial.
O ecrã é ajudado por um novo cérebro com a assinatura da NVIDIA. Para além disto, há ainda um head-up display com 9,5” para ajudar o condutor a ter diante dos olhos, projetada «na estrada», a informação mais relevante.
A construção é sólida, inspira confiança, ainda que a utilização de materiais reciclados afete a perceção final de qualidade dos revestimentos, que aparentam um toque menos suave do que o que é normal encontrar neste segmento. No caso da pele sintética, por outro lado, o efeito do toque é muito agradável.
Fã das curvas
Os ingredientes do menu dinâmico foram bem escolhidos e o Polestar 3 revela muito boa motricidade em curva e um equilíbrio geral de comportamento impressionante. Mesmo em mudanças súbitas de direção (rápida e precisa q.b.), mantém-se previsível e progressivo, não surpreendendo o condutor.
A distribuição de massas equitativa pelos dois eixos e os pneus traseiros mais largos do que os dianteiros também dão o seu contributo, assim como a solução da vetorização de binário, já falada acima. Esta ajuda ainda a dissimular o peso mastodôntico de 2670 kg. Os mais experientes poderão mesmo chegar a sentir a entrega de mais binário para a roda exterior à curva para que a trajetória se faça com mais facilidade.
Em sequência de curvas fechadas feitas em ritmos mais «soltos», o Polestar 3 aproxima-se dos seus limites, sem igualar a muito elevada competência do chassis do Cayenne, mas não deixando de merecer elogios.
O controlo dos movimentos da carroçaria é bem feito pela suspensão pneumática de câmara dupla, permitindo a devida adaptação entre conforto e estabilidade (e variar entre três diferentes alturas ao solo). O amortecimento é afinado eletronicamente a cada duas milésimas de segundo.
Uma palavra final para os travões, com a assinatura da credenciada Brembo. Nos instantes iniciais não parecem ser muito potentes, mas depois de nos habituamos à desaceleração que geram tornam-se fáceis de dosear e progressivos.
Rápido? Sim
Rapidez e velocidade não faltam, sendo que alcança os 0 aos 100 km/h em 4,7s. O facto de a eletrónica o limitar aos 210 km/h é de estranhar num «filho» da Volvo-Geely, mas serve para sublinhar as ambições desportivas da Polestar. Isto porque a Volvo limitou todos os seus automóveis aos 180 km/h.
Se a aceleração instantânea é uma constante de qualquer carro elétrico, já menos comum é que a mesma seja gerida com critério. É o que acontece com Polestar 3, que evita causar a sensação de que estamos sentados no lombo de um touro que dispara espavorido. Útil, tendo em conta que estamos a lidar com mais de 900 Nm de binário…
Consumos elevados, mas…
Durante uma parte do trajeto de condução em estrada de montanha abusámos um pouco mais do pedal da direita no modo Performance e naturalmente projetámos o consumo para os 27 kWh/100 km, bem acima da média anunciada — 22,1 kWh/100 km.
Mudando para o modo Range (Autonomia), o eixo dianteiro assumiu as despesas da locomoção enquanto o motor traseiro «hiberna», o que permite que os 111 kWh brutos (107 kWh líquidos) da bateria consigam ficar deixar-nos mais perto da autonomia máxima anunciada de 561 km.
No carregamento, o Polestar 3 não é a nova referência do mercado em potência e velocidade, mas faz muito boa figura (250 kW), tendo em conta que o sistema elétrico tem 400 V. Alguns concorrentes, mesmo internos — a Geely, à qual a Polestar pertence — já são 800 V.
A bomba de calor é de série para ajudar a otimizar a duração das células prismáticas da bateria de iões de lítio fornecida pela CATL, o maior fabricante de baterias para automóveis elétricos do mundo.
A partir de que preço?
O Polestar 3 já está disponível em Portugal com preços que ficam compostos da seguinte forma:
Polestar 3 | Preços |
---|---|
Long Range Single Motor | 83 400 € |
Long Range Dual Motor | 90 400 € |
Long Range Dual Motor Performance | 97 000 € |
No caso deste Polestar 3 Long Range Dual Motor Performance o preço é, ainda assim, 10 mil euros menos do que o Audi SQ8 e-tron e substancialmente menos caro do que Mercedes-AMG EQE SUV 43 4MATIC (125 mil euros) ou BMW iX xDrive50 (135 490 euros) que são diretamente comparáveis.
Em alternativa e num segmento abaixo há uma proposta difícil de ignorar, também pelo foco na condução e dinâmica: o novo Porsche Macan 4S. Apesar de mais pequeno (por fora e por dentro), acaba por estar muito próximo deste Polestar em termos de potência (516 cv), performances (4,1s de 0 a 100 km/h), autonomia (até 606 km) e preço (94 mil euros).
Veredito
Polestar 3 Long Range Dual Drive Performance
Primeiras impressões
Prós
- Design inspirado;
- Comportamento equilibrado/eficaz;
- Espaço interior.
Contras
- Materiais de qualidade mediana;
- Painel de bordo simplista/sem comandos físicos;
- Bagageira pequena.
Polestar 3 Long Range Dual Motor Performance | |
---|---|
Motor elétrico | |
Motores | 2 motores síncronos de íman permanente |
Potência | 380 kW (517 cv) |
Binário | 910 Nm |
Transmissão | |
Tração | Integral |
Caixa de velocidades | Relação fixa única |
Bateria | |
Tipo | Iões de lítio (NMC) |
Capacidade | 111 kWh (107 kWh úteis) |
Carregamento* | |
Pot. máxima DC | 250 kW |
Pot. máxima AC | 11 kW |
Tempo 0-100% 11 kW (AC) | 11h |
Tempo 10%-80% 250 kW (DC) | 30min |
Chassis | |
Suspensão | FR: Independente, McPherson; TR: Independente, multibraços |
Travões | FR: Discos ventilados; TR: Discos ventilados |
Direção | Assistida elétrica |
Diâmetro de viragem | 11,8 m |
N.º de voltas ao volante | – |
Dimensões e Capacidades | |
Comp. x Larg. x Alt. | 4900 mm x 1968 mm x 1614 mm |
Distância entre eixos | 2985 mm |
Capacidade da mala | 484 litros |
Coef. Aero. | 0,29 |
Pneus | FR: 265/40 R22 TR: 295/35 R22 |
Peso | 2670 kg |
Prestações e consumos (modo sport) | |
Velocidade máxima | 210 km/h |
0-100 km/h | 4,7s |
Consumo combinado | 22,1 kWh/100 km |
Autonomia | 561 km |
Sem comentários
Polestar 3 quer fazer esquecer-nos os alemães. Tem o que é preciso?
O Polestar 3 parece ter a receita certa para vingar no mercado, com uma imagem atrativa e uma dinâmica apurada e preço abaixo dos germânicos.
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