Primeiro Contacto Renault Scenic elétrico tem autonomia XL e preço de combate

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Renault Scenic elétrico tem autonomia XL e preço de combate

Esqueçam o que sabem sobre o Renault Scenic, que agora é um crossover elétrico. Neste contacto dinâmico quisemos perceber se ainda é capaz de servir as famílias.

Renault Scenic E-Tech 100% Elétrico

Primeiras impressões

8/10

Data de comercialização: Março 2024

Esqueçam as origens de monovolume, o Renault Scenic está mais interessante. Continua a ser ideal para as famílias?

Prós

  • Infoentretenimento
  • Bagageira
  • Consumos
  • Autonomia

Contras

  • Tato do pedal do travão
  • Suspensão algo firme

Depois do Megane, agora foi a vez do Scenic passar por uma autêntica revolução e afirmar-se como o ponta de lança da nova era de elétricos da Renault.

As suas origens como monovolume foram esquecidas — mais de cinco milhões de unidades vendidas desde 1996 —, e nesta quinta geração apresenta-se como um crossover 100% elétrico para o segmento C (familiares compactos).

Agora o Renault Scenic E-Tech elétrico quer vencer pela extensa autonomia e pelos consumos baixos. Mas será que continua apto a servir as famílias? Fomos até ao sul de Espanha para descobrir a resposta:

Posicionado acima do Megane E-Tech, o Scenic destaca-se por contar com a mais recente linguagem visual da Renault, introduzida pelo ainda recente chefe de design da marca, Gilles Vidal.

A silhueta monovolume passou a fazer parte da história, tendo agora dois volumes bem definidos, com a nova linguagem a fazer-se sentir, especialmente, nas extremidades, com elementos mais retilíneos e angulares.

Destacam-se ainda as jantes praticamente fechadas (podem ir até às 20”), os puxadores das portas embutidos e a linha do tejadilho relativamente baixa, ainda que este Scenic E-Tech seja 6 cm mais alto do que o Megane 100% elétrico.

Renault Scenic E-Tech perfil
© Renault Face ao Mégane E-Tech, o Scenic é 6 cm mais alto, 10 cm mais largo e 27 cm mais comprido

Onde é que eu já vi isto?

Dentro do habitáculo, a primeira que reparamos é na familiaridade que existe com o Mégane E-Tech, ainda que neste Scenic a montagem e os materiais me pareçam estar num patamar ligeiramente superior.

Renault Scenic E-Tech interior
© Renault

A ergonomia continua praticamente irrepreensível e só mesmo a enorme haste da transmissão a impede de ser perfeita, já que por vezes fica ligeiramente à frente da instrumentação digital.

Quanto aos bancos, não há rigorosamente nada a apontar: são confortáveis, garantem um bom suporte quando o ritmo de condução é mais elevado e ainda revelam uma preocupação ambiental, uma vez que a Renault se orgulha de não usar pele de origem animal no interior deste modelo.

Este infoentretenimento devia ser exemplo

Também semelhante ao que vemos no Mégane, Austral e Espace é a dupla de ecrãs, que junta um painel de instrumentos com 12,3” e um ecrã central com 12”, sendo que o primeiro é horizontal e o segundo vertical e direcionado para o condutor.

Complementado por comandos físicos para a climatização, este painel destaca-se pela boa experiência de utilização que oferece, sobretudo ao nível do ecrã multimédia, que corre um sistema operativo com base no Android Automotive.

Graças a isso, partilha muito do ADN que encontramos nos smartphones Android, além de oferecer, de forma nativa, integração com aplicações como o Google Maps, Waze ou Spotify. E isso são excelentes notícias.

Ainda é um familiar?

A resposta depois deste primeiro contacto dificilmente podia ser mais afirmativa. Temos imenso espaço na segunda fila de bancos, as portas traseiras têm uma abertura ampla e apesar do tejadilho ser algo baixo, o acesso ao habitáculo faz-se sem qualquer dificuldade. Por isso mesmo, colocar uma cadeirinha de bebés no interior não obriga a um complexo exercício de flexibilidade.

Renault Scenic E-Tech bagageira
© Renault

A bagageira também merece elogios, estando ao nível do que melhor se encontra no segmento. O Scenic E-Tech disponibiliza 545 l de capacidade, um número que pode crescer aproximadamente até aos 1600 l com os bancos traseiros rebatidos.

Vários truques na manga

A contribuir para o conforto dos seus ocupantes, o Scenic destaca-se por oferecer duas soluções particularmente interessantes e, mais importante ainda, que não estamos habituados a encontrar nas chamadas marcas generalistas.

A primeira, denominada Solarbay, é um tejadilho panorâmico (opcional) com cristais líquidos que, ao toque de um botão ou comando de voz, pode passar de transparente a opaco, para nos manter protegidos do calor ou do frio.

Podem ver esta tecnologia em funcionamento no vídeo que surge em destaque neste artigo. Ou então, na imagem abaixo:

Renault Scenic E-Tech bancos traseiros
© Renault

Depois, importa destacar o apoio de braços traseiro, que é um verdadeiro canivete suíço. Isto porque esconde portas USB-C, uma zona de arrumação para os nossos dispositivos eletrónicos e dois porta-copos, que podem inclusive transformar-se num suporte para tablets e smartphones. Bem jogado, Renault!

Renault Scenic E-Tech apoio braço traseiro
© Renault

Fórmula aprimorada

Não foram precisos muitos quilómetros ao volante do novo Renault Scenic E-Tech 100% elétrico para eu perceber uma coisa: a marca francesa olhou para a fórmula muito elogiada do Mégane E-Tech e resolveu fazer mais e melhor.

Isso começa a perceber-se logo na autonomia, que neste crossover elétrico nunca é problema, sobretudo com a bateria de 87 kWh, a maior das duas disponíveis.

Nessa configuração, o Scenic anuncia até 625 km de autonomia. Neste primeiro contacto constatei que não é um número excessivamente otimista. A ritmos normais e explorando o modo ECO, consegui uma média de consumo de 14,9 kWh/100 km, o que em teoria me permitiria cumprir cerca de 583 km entre carregamentos.

Renault Scenic E-Tech carregamento
© Renault O Scenic suporta carregamentos de até 150 kW em corrente contínua (versão com bateria mais pequena está limitada aso 130 kW) e, de forma opcional, de até 22 kW em corrente alternada

Se não precisar de percorrer distâncias tão grandes, o Scenic também pode ser equipado com uma bateria de 60 kWh, sendo que aí a autonomia anunciada é de até 430 km.

Dois níveis de potência

Não é só a autonomia que distingue estas duas versões. A bateria de maior capacidade apenas pode ser associada à motorização mais potente, que contempla um motor elétrico (montado na dianteira) capaz de entregar 160 kW (220 cv) e 300 Nm.

Já a bateria mais pequena «casa» com uma motorização menos ambiciosa, que recorre a um motor elétrico (também frontal) com 125 kW (170 cv) e 280 Nm.

Renault Scenic E-Tech frente
© Renault

Durante este primeiro teste apenas tive oportunidade de conduzir a versão mais potente do Scenic, que me convenceu pela facilidade de condução e pela forma progressiva como entrega a potência e o binário, tal como se exige a um modelo com responsabilidades familiares.

Contudo, na sequência do que já tinha acontecido com o Megane E-Tech, também se mostra uma proposta muito competente do ponto de vista dinâmico. A direção tem um tato interessante e os movimentos da carroçaria estão muito bem controlados. Só gostaria que o pedal do travão fosse mais fácil de ler, porque na maioria das vezes tem um tato algo esponjoso.

Quanto às performances, apesar de não impressionarem no papel, no chamado «mundo real» são mais do que suficientes. O sprint dos 0 aos 100 km/h é feito em 7,9s e a velocidade máxima está limitada aos 170 km/h.

Conforto não ficou esquecido

É certo que a suspensão (independente às quatro rodas) tem um acerto algo firme e isso faz-se sentir nos pisos em pior estado, sobretudo nas versões equipadas com jantes de 20″ e pneus de baixo perfil.

Contudo, diria que na grande maioria das vezes faz um trabalho muito competente a absorver as irregularidades do asfalto, mantendo os ocupantes «protegidos» dos ressaltos mais secos.

Renault Scenic E-Tech traseira
© Renault

Mesmo assim, o Scenic merece nota positiva no que ao conforto diz respeito. É notório o trabalho dos engenheiros da marca francesa ao nível do conforto de rolamento e, sobretudo, do isolamento acústico, um detalhe que ganha especial importância nos modelos 100% elétricos.

Quanto custa em Portugal?

O novo Renault Scenic está disponível com preços desde os 40 690 euros, para a versão de 170 cv e bateria de 60 kWh — consulte todos os preços.

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Se olharmos só para a versão de entrada, percebemos que o Scenic tem um preço base muito inferior ao seu rival mais direto, o Peugeot e-3008, cujos preços começam nos 47 150 euros.

Só que a versão base do e-3008 apresenta-se com 157 kW (213 cv) e bateria de 73 kWh de capacidade, para uma autonomia de até 525 km.

Por isso mesmo, a comparação mais justa tem de ser feita com a versão “grande autonomia” do Scenic, com 160 kW (220 cv) e bateria de 87 kWh, que começa nos 46 500 euros. Assim, o equilíbrio passa a ser grande entre estes dois modelos.

Porém, o preço do Scenic base acaba por acrescentar competitividade, que se aproxima bastante de algumas propostas 100% elétricas do segmento abaixo.

Veredito

Renault Scenic E-Tech 100% Elétrico

Primeiras impressões

8/10
A Renault resolveu mudar tudo com o novo Scenic. Ou melhor, quase tudo, porque apesar de já não ser um monovolume e passar a ser 100% elétrico, continua fiel ao estatuto de familiar que o tornou popular. A isso junta uma boa autonomia, consumos baixos e uma dinâmica competente. Por tudo isto, é uma das melhores propostas do segmento.

Data de comercialização: Março 2024

Prós

  • Infoentretenimento
  • Bagageira
  • Consumos
  • Autonomia

Contras

  • Tato do pedal do travão
  • Suspensão algo firme