Primeiro Contacto A Peugeot fez bem em mudar tudo? Conduzimos o novo e-3008

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A Peugeot fez bem em mudar tudo? Conduzimos o novo e-3008

Apesar do sucesso da segunda geração, a Peugeot mudou tudo para o novo 3008, que recebeu uma inédita versão 100% elétrica. Está aprovado?

Peugeot e-3008

Primeiras impressões

8/10

Data de comercialização: Maio 2024

A segunda geração do 3008 foi tão importante que mudou a própria Peugeot. Será que a terceira vai ter o mesmo impacto?

Prós

  • Imagem exterior
  • Interior sofisticado
  • Autonomia da versão elétrica
  • Bagageira

Contras

  • Tato do travão
  • Preço da versão elétrica
  • Ausência de comandos traseiros para a climatização

Costuma dizer-se que em equipa que ganha não se mexe. Ou, se preferirem, mexe-se pouco. Mas a Peugeot não foi de modas e fez exatamente o oposto na terceira geração do 3008, mudando praticamente tudo.

A segunda geração deste modelo, lançada em 2016, foi um verdadeiro caso de sucesso: somou mais de 1,32 milhões de vendas e acabou por mudar a própria Peugeot, que construiu grande parte da sua gama em torno deste SUV.

Por tudo isto, substituir um modelo tão bem sucedido nunca seria uma tarefa fácil. A Peugeot aceitou o desafio, mas resolveu renovar por completo a fórmula que ditou o sucesso do 3008. Terá sido uma aposta demasiado arriscada? A resposta está neste vídeo:

É um fastback e não um «SUV-coupé»

Quando falo numa mudança extrema, não estou a exagerar. O Peugeot 3008 sofreu uma revolução visual, estreia uma plataforma inteiramente nova (STLA Medium) e ganhou uma inédita versão 100% elétrica, denominada e-3008, que foi a que pudemos conduzir neste primeiro contacto em vídeo.

Começando pelo estilo, o novo Peugeot 3008 não é um «SUV-coupé», mas como os responsáveis da marca francesa se fartaram de mencionar durante a apresentação deste 3008, é um fastback.

Peugeot e-3008 traseira
© Peugeot

A diferença está relacionada com a linha de tejadilho, que neste «SUV-Fastback» só começa a descer depois dos lugares da segunda fila, ao contrário do que acontece com os «coupé», que começa a descer após o pilar B.

O resultado é uma secção traseira muito vertical e curta, o que dá originalidade a este modelo, além de permitir reforçar a imagem mais dinâmica e agressiva que a Peugeot sempre procura dar aos seus modelos.

Apesar da novidade da silhueta, ainda continua a ser identificado como um Peugeot, evoluindo os temas que vimos no 408 e até adotando um design semelhante para as jantes de 20″ que fazem parte das versões mais equipadas.

Interior deu salto importante

Se o exterior do novo 3008 passou uma transformação radical, o interior não lhe ficou atrás, ainda que aqui continuem a existir mais pontos em comum com a anterior geração do modelo.

Mantém-se, por exemplo, o i-Cockpit, que aqui evolui para Panoramic i-Cockpit. Este apresenta um painel curvo com 21” que combina a instrumentação (à esquerda) e o infoentretenimento (à direita). Isto combinado com o volante compacto (achatado em cima e em baixo) que, para ver o painel, obriga a ver por cima deste.

Interior Peugeot 3008
© Peugeot

Pela forma como está fixo ao tabliê, este ecrã curvo parece estar a flutuar, o que acrescenta alguma sofisticação ao habitáculo deste novo SUV, que conta com os i-Toggles que já conhecemos do atual 308. Tratam-se de botões táteis configuráveis — montados no topo da consola central — que servem de atalhos para as funções que mais usamos.

Por falar em consola central, a Peugeot simplificou-a, deslocando o seletor da transmissão, que agora surge mais acima, à direita do volante. Por outro lado, manteve comandos físicos para a climatização e modos de condução, além de ter reforçado os espaços de arrumação.

Peugeot e-3008 bancos dianteiros
© Peugeot

O que provavelmente mais me impressionou durante este primeiro contacto com o novo Peugeot e-3008 foi mesmo a qualidade dos materiais a bordo, quase todos muito macios ao toque, bem como a montagem de todos os elementos, que me pareceu bastante sólida e precisa.

E o espaço?

Na segunda fila de bancos, não falta espaço para os joelhos nem para a cabeça. Não se perdia nada se tivéssemos mais apoio para as pernas e senti falta de comandos para a climatização na traseira, mas a verdade é que espaço não falta.

bagageira e-3008
© Peugeot

Quanto à bagageira, manteve os generosos 520 litros da geração anterior. A abertura é bastante larga, o que facilita a carga/descarga de objetos maiores. Infelizmente, no elétrico e-3008, não há qualquer compartimento de arrumação sob o capô.

Para ver em detalhe o espaço que este modelo oferece no interior, o melhor mesmo é ver o vídeo:

Motorizações para (quase) todos

Ao contrário do que a Renault fez com o Scenic E-Tech Electric, que se apresenta com um SUV exclusivamente elétrico, a Peugeot continua a oferecer motorizações térmicas para além desta elétrica que conduzimos — a Stellantis decidiu seguir uma abordagem multi-energias para as suas plataformas.

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Graças a isso, na base do novo 3008 encontramos uma versão Hybrid, que é, na realidade, um sistema mild-hybrid de 48 V mais avançado e que combina uma evolução do 1.2 PureTech, agora com 136 cv, com uma nova caixa automática de seis relações (e-DSC6), que integra um motor elétrico. Mais tarde será adicionada à gama um híbrido plug-in.

Plataforma STLA Medium do e-3008
© Miguel Dias/Razão Automóvel Plataforma STLA Medium do Peugeot e-3008

Quanto à oferta exclusivamente elétrica (e-3008), vai assentar em três versões:

  • Electric 210 — 1 motor dianteiro, 157 kW (213 cv) e 343 Nm, bateria de 73 kWh, autonomia de 525 km;
  • Electric 230 Long Range — 1 motor dianteiro, 170 kW (231 cv) e 343 Nm, bateria de 98 kWh, autonomia de 700 km;
  • Electric 320 Dual Motor AWD — 2 motores (um por eixo), 240 kW (326 cv) e 343+166 Nm, bateria de 73 kWh, autonomia de 525 km.

Testámos o Peugeot e-3008 Electric 210, que é aquela que vai assinalar o lançamento deste modelo, juntamente com a variante mild-hybrid de 48 V.

Peso excessivo é problema?

Confesso que quando vi a ficha técnica do novo Peugeot e-3008 a primeira coisa que me saltou logo à vista foi o peso: 2183 kg no nível GT, o de topo. Esperava, por isso, um modelo algo «molengão», mas a verdade é que neste primeiro contacto pelas estradas de Nice e Cannes, no sul de França, o e-3008 se mostrou bastante ágil.

Peugeot e-3008 frente
© Peugeot

É certo que os 8,7s na aceleração dos 0 aos 100 km/h não impressionam nem chegam para nos «colar» ao banco, mas são mais do que suficientes para a utilização familiar que se espera que a maioria dos clientes dê a este modelo.

Nas retomas de velocidade, quando fazemos uma ultrapassagem por exemplo, é bom sentir que a entrega de binário está muito bem doseada, com a Peugeot a apostar na progressividade. Mais uma vez, acho que foi a decisão correta.

E as curvas?

Por se tratar de um modelo alto e pesado, estava curioso para perceber como se iria comportar em curva, a velocidades mais altas. Não foram precisos muitos quilómetros para decifrar este «leão», que tem um desempenho satisfatório para um SUV elétrico familiar.

A suspensão faz um bom trabalho a absorver as irregularidades do asfalto e a controlar os movimentos da carroçaria, que nunca inclina em demasia nem nunca nos surpreende com deslocamentos mais amplos.

Peugeot e-3008 na estrada, traseira 3/4
© Peugeot

Ainda assim, gostava que a direção fosse mais comunicativa e que o pedal do travão tivesse um tato mais fácil de decifrar: no início do curso o pedal do travão sente-se algo esponjoso e pouco progressivo.

Faltam duas coisas

Sobre a travagem, gostava ainda que existisse uma função B ou «One Pedal», que nos desse um nível de regeneração nas desacelerações mais elevado do que os três que a Peugeot nos oferece e que podemos alternar nas patilhas do volante.

A somar a isso, sinto que um nível zero, em que o carro pudesse andar em roda livre (ou muito perto disso) também seria muito bem vindo.

Prioridade ao conforto

Depois deste primeiro contacto, não restam dúvidas de que este novo Peugeot e-3008 vai ao encontro daquilo que a maioria dos clientes procura neste segmento: conforto e qualidade de rolamento. Nesses capítulos o novo SUV francês dá cartas.

Apesar do acerto mais firme, para lidar com o peso, o amortecimento é bastante confortável, mesmo nos pisos mais irregulares, ao mesmo tempo que o tratamento acústico que foi dado ao habitáculo faz com que poucos ruídos lá consigam entrar. O que se torna especialmente importante num 100% elétrico.

Importa destacar também a visibilidade para a dianteira, que é bastante boa, e os bancos, que pela primeira vez num Peugeot podem contar com secções laterais que podem encher sempre que é necessário mais suporte lateral em curva.

Quando chega e quanto custa?

O novo Peugeot e-3008, na versão Electric 210 testada, já está disponível para encomenda no nosso país, juntamente com o 3008 Hybrid (mild-hybrid de 48 V).

As primeiras unidades chegam a Portugal em maio e os preços começam nos 37 150 euros para a versão mild-hybrid e nos 47 150 euros para o e-3008.

Peugeot e-3008 frente
© Peugeot

No verão chega a versão híbrida plug-in, sendo que as restantes duas versões 100% elétricas só vão ficar disponíveis em 2025. Os preços ainda não são conhecidos.

Quanto ao e-3008 que protagoniza este ensaio em vídeo, importa dizer que tem um preço em linha com o Renault Scénic E-Tech Electric equivalente (220 cv e bateria de 87 kWh), ainda que fique ligeiramente acima do Tesla Model Y de base.

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Preços à parte, o novo Peugeot e-3008 tem fortes argumentos para continuar a ser uma referência no segmento e para dar continuidade à carreira comercial cheia de sucesso da geração anterior.

Veredito

Peugeot e-3008

Primeiras impressões

8/10
A Peugeot arriscou muito ao mudar por completo um modelo tão importante quanto o 3008, mas os primeiros sinais mostram ser uma aposta ganha. Com um visual sofisticado e um interior espaçoso, o SUV francês destaca-se pela inédita versão 100% elétrica (e-3008) com boa autonomia, e por não descartar as motorizações térmicas. Tem tudo para continuar a ser uma referência no segmento.

Data de comercialização: Maio 2024

Prós

  • Imagem exterior
  • Interior sofisticado
  • Autonomia da versão elétrica
  • Bagageira

Contras

  • Tato do travão
  • Preço da versão elétrica
  • Ausência de comandos traseiros para a climatização