Primeiro Contacto Primeiro teste ao EX90. O que vale o Volvo mais seguro de sempre?

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Primeiro teste ao EX90. O que vale o Volvo mais seguro de sempre?

Não foi o binário (910 Nm!), a segurança ou o supercomputador do EX90 que mais me impressionou: o maior trunfo deste Volvo elétrico é outro…

Volvo EX90 Twin Motor Performance

Primeiras impressões

8.5/10

Data de comercialização: Setembro 2024

Já podem ir levar os miúdos à escola em modo 100% elétrico e com uma «roupagem» premium. Mas será que isso chega para o Volvo EX90 triunfar?

Prós

  • Refinamento e conforto do conjunto
  • Acabamentos e materiais interiores
  • Equipamentos de segurança

Contras

  • Demasiadas funcionalidades «escondidas» no ecrã multimédia
  • Preço de alguns opcionais
  • Ausência de cortina para o tejadilho panorâmico

A Volvo continua empenhada na sua transição para um futuro que será 100% elétrico (ainda que recentemente tenha feito alguns ajustes às metas traçadas para o final da década) e depois dos EX40, EC40 e EX30, o «senhor que se segue» é o EX90.

Apresentado no final de 2022, o EX90 desde cedo mostrou ao que vinha, com a Volvo a apresentá-lo como o carro mais seguro que alguma vez construiu.

Agora, quase dois anos depois, o EX90 está finalmente pronto. Será que está à altura das expectativas? Viajámos até à Califórnia, nos EUA, para o conduzir e descobrir a resposta. Vejam o vídeo:

Não é grande, é gigante

O EX90, que passa diretamente a ser o modelo 100% elétrico topo de gama da Volvo, começa por destacar-se logo no exterior, com um desenho simples e minimalista.

E sempre sem abandonar elementos de estilo que já são tradição na marca sueca, como o «Martelo de Thor» nos faróis dianteiros ou os farolins verticais na traseira.

Volvo EX90 faróis
© Volvo

Outra coisa que também não passa despercebida é o tamanho: o EX90 mede 5037mm de comprimento, 1964mm de largura e 1747mm de altura. Por comparação com o recém-apresentado XC90, este SUV elétrico é 84mm mais comprido e 41mm mais largo. Neste duelo, só «perde» mesmo na altura, já que é 20mm mais baixo.

Mesmo assim, e apesar do tamanho considerável, o EX90 apresenta um coeficiente aerodinâmico de 0,29 Cx. Para isso muito contribui a dianteira fechada, os puxadores embutidos e claro, os espelhos retrovisores laterais, que têm um formato algo diferente daquilo a que estamos habituados.

Que caixa é aquela no topo do para-brisas?

Não, não é uma placa de táxi, podem ficar descansados. É um radar LiDAR, desenvolvido em parceria com a Luminar, que usa a luz sob a forma de um laser pulsado para fazer medições com alta precisão e fiabilidade.

LiDAR
Esta pequena bossa no tejadilho, logo a seguir ao para-brisas, é o LiDAR, uma estreia absoluta na Volvo e um reforço de peso no «arsenal» de segurança do EX90

Por outras palavras, este sistema consegue analisar com enorme precisão a estrada à frente e detetar automóveis, peões, ciclistas e até pequenos objetos, a distâncias de até 250 metros. Faça chuva ou faça sol, seja noite ou dia.

O arsenal tecnológico do EX90 não acaba aqui. Além do LiDAR, este Volvo conta com mais cinco radares, oito câmeras e 16 sensores ultrassónicos, disponíveis de série em todas as versões do modelo.

Todos estes sistemas juntos formam aquilo que a Volvo apelida de «Escudo Invisível», que quando associado a um super processador fornecido pela NVIDIA (consegue realizar até 280 triliões de operações por segundo), é capaz de perceber, em tempo real, tudo o que rodeia o exterior do EX90.

Graças a tudo isto, e no que toca simplesmente ao hardware, o Volvo EX90 já está preparado para receber condução autónoma de Nível 3.

Famílias, este elétrico é para vocês!

No interior, o EX90 promete espaço para toda a família, sem esquecer o requinte e o conforto que se espera de um topo de gama da marca sueca.

Em Portugal, todas as versões deste SUV estão disponíveis com sete lugares, pelo que levar os miúdos à escola ou ir de férias vai deixar, definitivamente, de ser um problema.

Volvo EX90 bancos segunda fila
© Volvo

Os bancos da segunda fila, que podem deslizar individualmente para a frente e para trás, são muito fáceis de rebater e impressionam pelo espaço generoso para os pés, joelhos e cabeça.

Quanto aos dois lugares da terceira fila (rebatem com acionamento elétrico), são mais acanhados, como seria de esperar: eu tenho 1,83m de altura e sentado lá atrás, não fico com espaço nenhum para a cabeça. Mas para crianças, jovens ou adultos com até 1,70m, estes bancos são suficientes.

Volvo EX90 bancos terceira fila
© Volvo

E a bagageira, é usável?

Por ter capacidade para sete ocupantes, seria de esperar que a bagageira do EX90 fosse praticamente inútil. Mas se pensaram isso, não podiam estar mais enganados.

Mesmo com os sete lugares montados, a capacidade da bagageira do EX90 está fixada nos 310 litros, sendo que por baixo do piso ainda há um espaço com 65 litros adicionais.

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Sem os bancos da terceira fila, a capacidade de carga cresce até aos 655 litros. Já com todos os bancos traseiros rebatidos, este número ultrapassa os 1900 litros. Ora vejam:

Se mesmo assim não for suficiente, lá à frente, por baixo do capô, há mais 34 litros de arrumação disponíveis, que podem ser usados para guardar os cabos de carregamento.

Interior tem dois problemas

Bem construído e com uma escolha de materiais muito criteriosa, que transmite uma enorme sensação de qualidade, o habitáculo do Volvo EX90 é um dos melhores que vão encontrar neste segmento.

Os bancos são suaves, mas ao mesmo tempo oferecem um bom suporte. A posição de condução é praticamente irrepreensível e são muitos os espaços de arrumação ao nosso dispor: desde o compartimento por baixo do apoio de braços, que é bastante profundo, até à consola central, que tem uma zona «alcatifada» para que os nossos objetos não deslizem.

Volvo EX90 habitáculo
© Volvo

Contudo, apesar desta nota positiva, há pelo menos duas coisas que não são perfeitas. E quando pagamos 100 000 euros por um carro, queremos que tudo seja perfeito.

A primeira, está relacionada com a quase total ausência de comandos físicos, com a Volvo a concentrar quase todas as operações no ecrã multimédia central: é lá, por exemplo, que abrem o porta-luvas e ajustam a posição do volante ou dos espelhos retrovisores laterais.

Não digo que navegar por entre todas estas funções seja uma tarefa demasiado complicada, porque efetivamente não é. Mas requer habituação e obriga a desviar o olhar da estrada.

Volvo EX90 volante
© Volvo Ao contrário do que acontece com o EX30, aqui contamos com um painel de instrumentos. E isso faz diferença…

Isto já tinha sido, de resto, uma crítica recorrente ao EX30 (sim, também podemos chamar os modelos da Tesla para esta conversa…). E por falar no EX30, também aqui a Volvo optou por colocar apenas um par de botões físicos para operar os vidros da frente e das portas traseiras, sendo que é necessário premir um botão para escolher quais queremos controlar.

Entendo esta decisão para um modelo como o EX30. Já neste EX90, que é o topo de gama da marca, acho que não faz sentido.

O segundo problema que encontro no interior do EX90 está relacionado com o tejadilho panorâmico, disponível de série a partir do nível de equipamento Plus. Não há outra forma de o dizer, é uma superfície em vidro gigante, que ilumina por completo o habitáculo, reforçando a sensação de espaço. Contudo, não tem cortina.

É certo que a Volvo garante que se trata de um vidro laminado escurecido que proporciona uma proteção eficiente contra o brilho e a radiação UV. Mesmo assim, durante este primeiro contacto pelas estradas da Califórnia, com temperaturas a meio do dia a rondar os 30 graus, deu para perceber que o habitáculo aquece. No pico do verão em Portugal, com vários dias em que a temperatura ultrapassa os 40º, isto será ainda mais notório.

Descubra o seu próximo automóvel:

O Volvo mais seguro de sempre e não só…

Assim que me sentei ao volante do EX90, não foram precisos muitos quilómetros para perceber que além de ser o Volvo mais seguro de sempre, também é, muito provavelmente, o modelo mais confortável e requintado da história.

Importa referir que a unidade testada estava equipada com suspensão pneumática adaptativa, um opcional de 2768 euros que eu considero ser obrigatório.

Volvo EX90 traseira
© Volvo

Esta suspensão pneumática, com dupla câmara autonivelante para todas as rodas, não só faz maravilhas no que toca ao conforto de rolamento, porque cada amortecedor é capaz de adaptar-se de forma instantânea às condições da estrada, como também melhora a estabilidade a velocidades mais elevadas, como em autoestrada, já que baixa automaticamente a altura do carro ao solo.

Além disso, o isolamento acústico está num patamar muito elevado, o que contribui muito para o conforto a bordo deste SUV. Mesmo a velocidades de autoestrada, em torno dos 120 km/h, não ouvimos qualquer ruído aerodinâmico no habitáculo.

E o peso?

Na versão testada (Twin Motor Performance), o Volvo EX90 acusa mais de 2800 kg na balança e isso sente-se quando o conduzimos, sobretudo quando tentamos puxar pelos seus atributos dinâmicos.

É certo que com a suspensão na afinação mais firme, os movimentos da carroçaria ficam mais bem controlados e o EX90 fica mais composto, mas mesmo assim, sentimos que esse não é o campo onde ele se sente mais à vontade.

Depois de o conduzir durante algumas centenas de quilómetros, fico com a sensação clara de que a grande preocupação dos engenheiros da Volvo que trabalharam o chassis e a suspensão do EX90 foi o conforto, o refinamento e a qualidade de rolamento. E a esse nível tenho de ser sincero: não há rigorosamente nada a apontar. O EX90 é muito bom.

Volvo EX90 jantes
© Volvo Mesmo equipado com jantes de 22”, fiquei impressionado com a qualidade de rolamento do EX90

E digo mais. Faz sentido que seja assim. Porventura, caberá ao Polestar 3 (modelo que recorre à mesma plataforma do EX90) adotar uma postura mais desportiva. O EX90 tem outro tipo de missões e objetivos.

Três motorizações à escolha

O Volvo EX90 está disponível com três motorizações distintas: Single Motor, Twin Motor e Twin Motor Performance.

A primeira, apenas com tração traseira, recorre a um motor elétrico (montado atrás) capaz de gerar 205 kW (279 cv) de potência e 490 Nm de binário máximo. Esta versão surge associada a uma bateria com 101 kWh de capacidade útil, capaz de uma autonomia em ciclo combinado WLTP de até 580 quilómetros.

Volvo EX90 frente
© Volvo

O nível de potência intermédio fica a cargo da versão Twin Motor, que recorre a dois motores elétricos (um por eixo, para tração integral), que juntos entregam 300 kW (408 cv) e 770 Nm. Porém, neste caso a bateria usada é ainda maior: tem 107 kWh de capacidade útil, o que permite anunciar uma autonomia em ciclo combinado WLTP de até 614 quilómetros.

É precisamente essa a autonomia máxima anunciada pela versão mais potente da gama, a Twin Motor Performance, a única disponível para teste nesta apresentação, que recorre a dois motores elétricos (um por eixo, para tração integral) que juntos produzem 380 kW (517 cv) e 910 Nm.

Graças a estes números, o Volvo EX90 Twin Motor Performance é capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 4,9s: nada mau para um SUV com 2811 kg. Já a velocidade máxima está limitada aos 200 km/h nesta versão e aos 180 km/h nas outras duas.

E os consumos?

Falar de autonomias obriga a falar de consumos. Naturalmente será necessário um ensaio de vários dias quando o EX90 chegar a Portugal para tirar conclusões mais definitivas, mas durante este primeiro contacto, fazendo um misto de autoestradas e estradas secundárias, andei quase sempre em torno dos 20 kWh/100 km.

Tendo em conta que não tive grandes preocupações a esse nível e que andei sempre com o ar condicionado ligado, diria que é um número interessante para primeira impressão.

Volvo EX90 carregamento
© Volvo

Apesar de não contar com arquitetura elétrica de 800V (questionei uma das responsáveis pelo projecto, que me disse que os «normais» 400V eram suficientes para os atributos do EX90), o novo SUV elétrico da Volvo admite velocidades de carga de até 250 kW em corrente contínua (DC). Já em corrente alternada (AC), tal como acontece com o Mercedes-Benz EQS SUV, por exemplo, não vai além dos 11 kW.

Quanto custa?

A Volvo já abriu as encomendas para o EX90, sendo que as primeiras unidades vão chegar a Portugal ainda este ano.

Os preços arrancam nos 88 203 euros, para a versão Single Motor com o nível de equipamento Core. Nesta motorização, a Volvo preparou uma nova versão fiscal, para pequenas e médias empresas e ENI’s, com preço a partir dos 62 500 euros (sem IVA), para que assim seja possível deduzir a totalidade do IVA e ficar isento de tributação autónoma.

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A variante intermédia, a Twin Motor (com o mesmo nível de equipamento), começa nos 94 168 euros. No topo da lista está a versão Twin Motor Performance, que começa nos 99 273 euros mas que ascende aos 121 241 euros com os opcionais da unidade que testámos.

Volvo EX90 traseira
© Volvo

Se olharmos para o modelo equivalente a combustão, o novo Volvo XC90 (apenas disponível com uma versão híbrida plug-in), o EX90 acaba por ter preços muito em linha, com a versão de apenas um motor (Single Motor) a levar mesmo uma vantagem superior a 8500 euros.

Onde fica a concorrência?

Já quando olhamos para a concorrência (e quando se trata de um SUV elétrico com 7 lugares ela não é vasta), percebemos que o EX90 também está relativamente bem posicionado.

A versão AWD GT-Line do Kia EV9, por exemplo, com 283 kW (385 cv) de potência e uma bateria com 99,8 kWh de capacidade (bruta), capaz de uma autonomia combinada de até 505 km (WLTP), está disponível com preços desde os 89 900 euros.

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Por outro lado, a versão de 7 lugares do Tesla Model X Dual Motor, com 493 kW (670 cv) e bateria de 100 KWh úteis, com uma autonomia máxima combinada (WLTP) de até 576 km, arranca nos 107 275 euros.

Por fim, o Mercedes-Benz EQS SUV, que na versão 450+ (tem 265 kW ou 360 cv de potência) com lugar para sete ocupantes tem preços a começar nos 130 300 euros. Nesta configuração, promete até 687 km de autonomia combinada (WLTP), graças a uma bateria com 118 kWh úteis.

Veredito

Volvo EX90 Twin Motor Performance

Primeiras impressões

8.5/10
O EX90 pega em tudo o que a Volvo já nos tinha habituado no seu irmão XC90 e eleva-o a um nível seguinte de refinamento e conforto. Elegante por fora e sofisticado por dentro, convence pelo espaço e pela versatilidade. Se procuram sete lugares no «corpo» de um SUV elétrico que seja verdadeiramente premium, não vão ficar desiludidos.

Data de comercialização: Setembro 2024

Prós

  • Refinamento e conforto do conjunto
  • Acabamentos e materiais interiores
  • Equipamentos de segurança

Contras

  • Demasiadas funcionalidades «escondidas» no ecrã multimédia
  • Preço de alguns opcionais
  • Ausência de cortina para o tejadilho panorâmico