Ensaio Mitsubishi ASX. A tua cara não me é nada estranha

Desde 24 590 euros

Mitsubishi ASX. A tua cara não me é nada estranha

Por vezes, há construtores que nos pregam algumas partidas. No caso do Mitsubishi ASX, quase posso jurar que já vi esta «cara» em algum lado.

Mitsubishi ASX 1.0 MPI-T Invite

7/10

Os seus olhos não o estão a tentar enganar e nós também não. Este SUV é mesmo um Mitsubishi. Pelo menos, nos logótipos.

Prós

  • Conforto de rolamento
  • Espaço disponível a bordo
  • Simplicidade de utilização

Contras

  • Equipamentos com alguma idade
  • Falta de identidade própria
  • Haste de comando do sistema de som

É praticamente impossível começar um ensaio ao novo Mitsubishi ASX sem evitar «o elefante na sala», usando uma expressão curiosa, mas que se adapta perfeitamente a este momento. É que, o novo Mitsubishi ASX… é um Renault Captur. Literalmente. E não foi «sem querer», é mesmo suposto sê-lo.

Substituir o Mitsubishi ASX era mais do que urgente para a marca nipónica, uma vez que este modelo já se encontrava no mercado desde 2010 e tinha apenas evoluído de facelift em facelift.

Por causa disso, e em vez de gastar uma fortuna no desenvolvimento de um novo automóvel com o objetivo de manter a sua presença no mercado europeu, a Mitsubishi encontrou uma solução mais simples.

Mitsubishi ASX 3/4 de traseira
© André Mendes / Razão Automóvel

A vantagem de fazer parte da aliança com a Renault e a Nissan criou o caminho para «pedir emprestado» o projeto do SUV francês. Até porque este continua a ser um dos B-SUV mais desejados do mercado e com provas dadas em diversos países.

Na sua linha de produção, em Valladolid, Espanha, este SUV é construído (em conjunto com o Captur) da mesma forma quase até ao último momento. Perto da parte final é que surgem as diferenças mais visíveis.

Mudança de identidade

Com o objetivo de transformar o Captur num ASX — e com recursos bastante controlados — o característico losango da marca francesa foi substituído pelos três diamantes que compõem o logótipo da Mitsubishi. É o que acontece na grelha frontal, no volante e nos centros das jantes.

Na secção traseira, as letras que compõem a palavra Mitsubishi foram colocadas por extenso. Porém, um pouco mais acima, no local onde antes a câmara traseira de ajuda ao estacionamento parecia perfeitamente integrada no centro do losango francês, agora, foi incorporada num acrescento plástico que parece totalmente fora do contexto.

Ainda no exterior, o Mitsubishi ASX usufruiu do mesmo visual apelativo do seu irmão gémeo, com a assinatura visual em LED, à frente e atrás, com os característicos “C”. O visual mais robusto também se mantém, bem como a altura ao solo, os para-choques, as saias laterais e praticamente tudo o resto.

ASX aposta na versatilidade e espaço

A bordo do novo Mitsubishi ASX, o cérebro fica ainda mais confuso. Neste espaço, tirando o logótipo da marca japonesa no centro do volante, tudo nos diz que estamos ao volante de um Captur. No entanto, isso está longe de ser uma coisa má.

Tal como já referimos, este SUV continua a ser um sucesso de vendas em diversos mercados e isso não acontece por acaso. A bordo, a posição de condução é boa e o espaço disponível tanto na fila da frente como na traseira está até acima da média do seu segmento.

Na bagageira, há 422 litros disponíveis para tudo aquilo que precisar de transportar. E se não chegar, é possível deslizar os assentos traseiros para a frente ou para trás em cerca de 16 cm, o que permite conquistar mais 69 litros de volumetria.

Tecnologia de serviço

No centro do tablier, o monitor de comando tátil também nos é familiar, mesmo na sua versão mais compacta, e permite o acesso a diversos sistemas de uma forma simples e até intuitiva. E mesmo em frente ao condutor, apenas ficou a faltar a instrumentação totalmente digital, que só faz parte das versões equipadas com um sistema híbrido.

Ainda assim, os mostradores analógicos servem de moldura ao monitor vertical do computador de bordo, a cores, com as sempre úteis indicações de consumo e monitorização de uma condução mais ecológica.

A melhor parte é que também foram herdados alguns dos equipamentos que sempre gostámos em muitos dos modelos da marca francesa. Entre eles, está o cartão que substitui a chave e que pode ficar sempre no bolso, por exemplo, mas também o ar condicionado automático.

Menos habitual nos dias que correm é encontrar uma alavanca convencional para o travão de estacionamento e o comando “satélite” instalado do lado direito da coluna da direção e que se destina a comandar o sistema de som. Pelo menos, nas raras vezes em que não optámos por tocar diretamente no monitor central, por ser muito mais prático.

Ao volante do ASX, nada de novo

Em andamento, o Mitsubishi também não conta com diferenças face ao modelo francês. Ou seja, mantém um excelente compromisso entre conforto e desempenho, mesmo quando as estradas ficam mais sinuosas. No entanto, este não é um ASX “Evolution” e sim um prático SUV familiar capaz de garantir um ambiente tranquilo a bordo.

Com o motor de apenas um litro e três cilindros, é o turbo que permite elevar a potência até aos 90 cv. O binário fica nos 160 Nm, logo a partir das 2000 rpm, e está presente uma caixa de velocidades manual com seis relações. Em termos de prestações, a marca anuncia 14 segundos para passar dos 0 aos 100 km/h e uma velocidade máxima de 168 km/h.

Por não um sistema híbrido com baterias de peso elevado, o Mitsubishi ASX fica com um peso total de 1276 quilos. Com este valor, o esforço do motor 1.0 acaba por não ser exagerado e por causa disso, a marca anuncia médias de consumo em torno dos 5,7 litros.

No nosso ensaio, no entanto, o valor final acabou por ficar um pouco acima, já próximo dos sete litros, mas com um maior número de deslocações em cidade, com trânsito e sem o desejo de desligar o ar condicionado.

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Manter as coisas simples

Com o motor 1.0, a Mitsubishi tem dois níveis de equipamento disponíveis, o Inform e o Invite. A unidade ensaiada era um Invite, que tem um preço base de 25 290 euros.

Quanto ao «recheio», tudo o que poderá ver nas imagens ou na nossa lista, já faz parte do equipamento de série. O único extra é mesmo uma das cinco alternativas de pintura metalizada, caso não goste do azul-escuro. Ou seja, no caso deste Crystal White, basta somar 450 euros ao valor final.

No final, nem o preço do Mitsubishi ASX é muito diferente do seu irmão gémeo com sotaque francês. É mesmo só uma questão de descobrir qual o símbolo de que gosta mais. Tudo o resto, é igual. Desta forma, no entanto, ainda ficamos com a Mitsubishi na Europa durante mais uns tempos.

Veredito

Mitsubishi ASX 1.0 MPI-T Invite

7/10

O novo Mitsubishi ASX foi literalmente separado à nascença do seu irmão gémeo, o Renault Captur, ainda na linha de produção, em Espanha. Foram encaminhados para famílias diferentes, mas o seu «ADN» não engana. O motor é a escolha mais simples para as deslocações diárias, sem pesar muito nos consumos, e o espaço a bordo é uma das suas maiores vantagens, em conjunto com um nível de conforto elevado.

Prós

  • Conforto de rolamento
  • Espaço disponível a bordo
  • Simplicidade de utilização

Contras

  • Equipamentos com alguma idade
  • Falta de identidade própria
  • Haste de comando do sistema de som

Especificações técnicas

Versão base:24.590€

IUC: 108€

Classificação Euro NCAP: 5/5

25.740€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura: 3 cilindros em linha
  • Capacidade: 999 cm³
  • Posição: Dianteira, transversal
  • Carregamento: Injeção multiponto, com turbo
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv./cil. (12 válv.)
  • Potência: 90 cv às 4600 rpm
  • Binário: 160 Nm às 2000 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Manual de 6 velocidades

  • Comprimento: 4228 mm
  • Largura: 1797 mm
  • Altura: 1573 mm
  • Distância entre os eixos: 2639 mm
  • Bagageira: 422 litros
  • Jantes / Pneus: 215/60 R17
  • Peso: 1276 kg

  • Média de consumo: 5,7 l/100 km
  • Emissões CO2: 130 g/km
  • Velocidade máxima: 168 km/h
  • Aceleração máxima: >14s

    Tem:

    • Sistema de Funcionamento sem Chave (KOS)
    • Espelhos retrovisores exteriores com regulação elétrica, aquecidos, retráteis
    • Cruise Control com limitador de velocidade
    • Ar condicionado automático com purificador de ar
    • Smartphone-link Display Audio de 7”, com 6 altifalantes
    • Bancos com ISOFIX (1x passageiro dianteiro e 2x banco traseiro)
    • Faróis/luzes traseiras LED
    • Barras de tejadiho prateadas
    • Assistência à manutenção na faixa de rodagem (LKA)
    • Câmara traseira
    • Reconhecimento de sinais de trânsito (TSR)
    • Sensores de estacionamento à frente e atrás

Pintura metalizada: 450 €